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Fome de Viver | Crítica

<i>Fome de viver</i>

14.07.2005, às 00H00.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 10H06

Fome de viver
The Hunger
Inglaterra, 1983
Drama/Suspense - 100 min

Direção: Tony Scott
Roteiro: James Costigan, Ivan Davis

Elenco: Catherine Deneuve, David Bowie, Susan Sarandon, Cliff De Young, Beth Ehlers, Dan Hedaya, Rufus Collins, Suzanne Bertish, James Aubrey, Ann Magnuson, John Stephen Hill

O começo do filme já anuncia, através de um clipe sombrio da banda Bauhaus com o vocalista Peter Murphy se contorcendo pela tela: "Bela Lugosi está morto".

A mensagem é clara. Esqueça tudo o que você sabe sobre vampiros. A concepção clássica do Conde Drácula, com sua capa preta, sotaque do leste europeu, castelo lúgubre e presas pontiagudas já era, assim como os morcegos, lobos e névoas misteriosas. O mundo agora pertence aos vampiros modernos, sofisticados. A capa preta aqui só se for de design assinado.

Era o começo dos anos 1980 e o irmão mais novo de Ridley, Tony Scott, iniciava sua carreira cinematográfica com Fome de Viver (The Hunger, 1983), fracasso de bilheteria que converteu-se em um dos mais cultuados filmes de vampiro da história. Considerado o "filme preferido de 9 entre 10 góticos", o suspense com Catherine Deneuve, Susan Sarandon e David Bowie foi influenciado pela "nova ordem" vampírica, iniciada em 1979 pela publicação de Entrevista com o vampiro, de Anne Rice, e pela estréia de Drácula, com Frank Langella.

Essa desconstrução dos mitos dos chupadores de sangue é especialmente evidente em Fome de Viver, já que a palavra "vampiro" sequer é pronunciada no filme. Nele, Deneuve interpreta Miriam Blaylock, uma imortal secular que vive ao lado de seu amante John (Bowie) em Nova York. Aqui, vampiros e humanos são raças distintas, mas uma pessoa normal pode ter sua vida extremamente prolongada se dividi-la com uma dessas criaturas. Mas há um revés: depois de séculos, humanos comuns esbarram num limite natural e envelhecem subitamente. John está há poucos dias de enfrentar sua sina e procura a ajuda de uma cientista, Sarah (Sarandon), especializada em envelhecimento. Porém, quando ela vai à casa dos Blaylock, a ancestral e sensualíssima Mirian decide que é hora de tomar para si uma nova amante...

A mitologia do filme é tão radicalmente diferente da produção cinematográfica até então que para buscar um paralelo é preciso retroceder 50 anos no tempo até o pós-expressionista O vampiro (Vampyr, de Carl Theodor Dreyer, 1932). Ambos os filmes têm a mesma atmosfera pesada, onírica, com a forma triunfando sobre o roteiro (apesar do segundo evitar quase todo o tempo a evocação do sobrenatural). De fato, a história de Fome de Viver é quase mera desculpa do cineasta para mostrar estilosos quadros - regados a Bach e Schubert - que lembram muito mais o trabalho de seu irmão em Blade Runner que seus longas posteriores em filmes comerciais como Chamas da vingança (2004), Jogo de espiões (2001) e Top Gun (1986).

E se os argumentos acima não forem suficientemente convincentes para justificar uma ida ao cinema, há uma cena de sexo entre Susan Sarandon e Catherine Deneuve capaz de fazer Drácula levantar da tumba ao meio-dia.

Nota do Crítico
Ótimo
Fome de Viver
The Hunger
Fome de Viver
The Hunger

Ano: 1983

País: Reino Unido

Classificação: 18 anos

Duração: 99 min

Direção: Tony Scott

Elenco: Catherine Deneuve, David Bowie, Susan Sarandon, Cliff DeYoung, Beth Ehlers, Dan Hedaya, Rufus Collins, Suzanne Bertish, James Aubrey, Ann Magnuson, John Stephen Hill, Shane Rimmer, Douglas Lambert, Bessie Love, John Pankow, Willem Dafoe

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