Após 17 anos vendo Daniel Craig se aventurar mundo afora como o espião mais famoso da cultura pop, é, no mínimo, curioso vê-lo investigar pessoas ricas e suspeitas em paisagens paradisíacas como outro personagem. O astro, no entanto, rechaça qualquer semelhança entre Bond e Benoit Blanc, seu personagem em Glass Onion: Um Mistério Knives Out. “São apenas dois trabalhos de atuação”, disse o ator ao Omelete, reforçando que, mesmo que tenha sido “sortudo por poder interpretar os dois”, ele mesmo não tenta compará-los. “Espero ser um ator bom o suficiente para explicitar as diferenças entre eles.”
Não é difícil entender por que Craig não compara os dois trabalhos, afinal, James Bond já tem quase 80 de histórias nas mais diversas mídias, enquanto Blanc foi criado do zero por ele e Johnson, em um processo que nem o próprio ator consegue explicar. Citando os escritores Tennessee Williams e Shelby Foote como inspirações para a voz de seu detetive, o astro admite que não sabe de onde tirou os maneirismos e trejeitos do personagem. “O Benoit só veio, sabe-se lá Deus de onde, talvez de algum lugar lá no fundo”, brincou.
Se as “origens” de Blanc são um mistério até para o próprio Craig, a naturalidade com que o ator o interpreta pode ser facilmente conectada à paixão que ele tem por mistérios. “Sou um grande fã de Peter Ustinov [ator que viveu Hercule Poirot em seis filmes entre 1978 e 1988] nos filmes de Agatha Christie, e também adoro Albert Finney [como Poirot] em Assassinato no Expresso Oriente [de 1974]”, disse o astro, citando também a série literária Sherlock Holmes entre suas obras de mistério favoritas. “É incrível ler esses livros e ver de onde vêm todos os tropos de whodunnit. Não sei se [Arthur Conan Doyle] foi o primeiro a usá-los, mas certamente foi o primeiro a torná-los populares de verdade. Ainda usamos essas técnicas em filmes e livros [do gênero].”
A paixão de Craig por histórias investigativas, obviamente, é compartilhada por Rian Johnson, criador, diretor e roteirista da franquia, e que deu uma verdadeira lista de obras que influenciaram Glass Onion, incluindo a versão de 1978 de Morte no Nilo e a adaptação de Assassinato num Dia de Sol, lançada em 1982, mas chama a atenção para uma obra em específico. “Tem um filme [de 1973] chamado O Fim de Sheila que recomendo fortemente. É algo que poucas pessoas viram. Foi escrito por Stephen Sondheim e Anthony Perkins e é um mistério de assassinato incrivelmente divertido de sete dias ambientado em um iate.”
Presente de Natal da Netflix para seus assinantes, Glass Onion: Um Mistério Knives Out tem estreia confirmada para 23 de dezembro.
