Guillermo del Toro faz sua análise de Roma; leia

Créditos da imagem: Roma/Netflix/Reprodução

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Guillermo del Toro faz sua análise de Roma; leia

Filme está disponível na Netflix

15.01.2019, às 16H06.

Amigo de longa data de Alfonso Cuaron, o diretor Guillermo del Toro usou o Twitter para dar as suas impressões sobre Roma, novo filme de Cuaron que tem grandes chances de levar ao menos um Oscar neste ano. Confira:

10 reflexões pessoais sobre ROMA:

1) A cena de abertura sugere que a terra (o chão infestado de merda) e o paraíso (o avião) estão irreconciliavelmente longe, mesmo quando estão juntos - momentaneamente - pela água (o reflexo). Todas as verdades de ROMA são reveladas pela água.

2) Esses planos de existência, como a separação de classes dentro da casa, não podem ser abordados. Os momentos em que a família se aproxima são fugazes... "Ela salvou as nossas vidas" é rapidamente seguido por "você pode fazer um shake de banana?"

3) Na minha visão, o "silêncio" de Cleo é usado como uma ferramenta para o arco dramático dela - que leva para a revelação da sua dor mais íntima, pela água novamente, depois do resgate no oceano: "não queria que ela nascesse". Cleo supera e guarda suas emoções em silêncio até que finalmente elas saem

4) Um momento-chave, precisamente criado, é a escolha de Cuaron de ter a bolsa de Cleo romper assim que a violência explode e o namorado dela entra correndo na loja segurando uma arma e uma camiseta, escrito "amor é...". O bebê será natimorto.

5) Em todos os sentidos, Roma é um afresco, um mural, não um retrato. Não apenas pelos ângulos, mas pelo modo como desliza com longos dollies laterais. A informação audiovisual (contexto, inquietação social, facções e política/moral da época) existe dentro do frame para ser lido.

6) Tenho a impressão que o fato de Cuaron e Eugenio Caballero terem CONSTRUÍDO vários quarteirões da Cidade do México (calçadas, postes de luz, lojas, ruas asfaltadas, etc) não é tão conhecido. Essa é uma conquista do tamanho do Titanic.

7) Os estratos sociais são representados no filme não apenas na família, mas dentro da relação entre a família e os parentes donos da terra e até entre Fermin e Cleo - quando ele a insulta em um espaço de treinamento.

8) Roma resume muito da sua narrativa cinematográfica através da imagem e do som. Quando visto em um cinema, ele tem uma das trilhas sonoras mais dinâmicas. Sutil, mas precisa.

9) Tudo é cíclico. É por isso que Pepe lembra de vidas passadas em que ele pertenceu a diferentes classes, diferentes profissões. As coisas vem e vão - vida, solidariedade, amor. Na nossa solidão, conseguimos abraçar tão pouco do mar.

10) A imagem final rima perfeitamente com a abertura. De novo, terra e paraíso. Somente Cleo consegue transitar entre os dois. Como ela demonstra na cena de Zovek, só ela tem graça. Abrimos o filme olhando para baixo e o finalizamos olhando para cima - mas o céu, o avião, está sempre distante.

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