O aclamado diretor de filmes de animação Hayao Miyazaki completou 80 anos de idade neste ano de 2021. Sua carreira artística envolve filmes carregados de sensibilidade, imaginação e algumas críticas ao comportamento humano.
Hayao Miyazaki começou a se interessar por animação ainda na escola e desejava se tornar um artista de mangás. Mas uma questão muito curiosa apareceu como um impeditivo: Miyazaki descobriu que só conseguia desenhar objetos familiares, como aviões, tanques de guerra e batalhas. Ele tinha extrema dificuldade de desenhar pessoas e foi obrigado a desenvolver uma capacidade de observação aguçada para entender como elas se movimentavam, se comportavam e reagiam a estímulos.
Como resultado, Miyazaki não só aprendeu a desenhar pessoas como entendeu que os movimentos dos seres vivos são motivados pelo espírito e não são apenas atividades mecânicas. Ou seja: para Miyazaki, os desejos internos dos personagens são os verdadeiros motores da animação.
Depois de se formar em ciência política e economia, Hayao Miyazaki entrou para a Toei Animation em 1963 para trabalhar com o que mais amava. Com a parceria do diretor Isao Takahata, Miyazaki conseguiu contestar a lógica de produção industrial da Toei e propor projetos com um viés mais artístico do que mercadológico. Mas foi só em 1968 que Takahata lançou seu primeiro filme pela Toei, Horus: O Príncipe do Sol, em que Miyazaki trabalhou como voluntário.
Em 1971, Miyazaki e Takahata saíram da Toei e passaram por diferentes projetos. Na Nippon Animation, os dois trabalharam juntos no anime A Menina das Montanhas, dirigido por Isao e com desenhos de Hayao. No entanto, os colaboradores perceberem que estavam sendo cada vez mais absorvidos pela pressa do mercado, em que orçamento e prazos estavam cada vez mais apertados.
Por isso, Miyazaki saiu da Nippon em 1971 e começou a trabalhar como animador chefe em diversos projetos. Em 1979, ele finalmente fez a sua estreia na direção de longa-metragem com O Castelo de Cagliostro. O filme não teve um sucesso de bilheteria inicial, mas se tornou um clássico cult com o tempo. O filme introduz o público com os aspectos mais marcantes do trabalho de Miyazaki, como seu traço, sua capacidade de construir universos imersivos e as referências culturais japonesas. Aliás, alguns críticos vão mais além ao dizer que este filme inspirou Steven Spielberg a criar a franquia de Indiana Jones.
O próximo projeto autoral de Miyazaki não seria com animação, mas com um mangá. O diretor até tentou fazer adaptações dos quadrinhos para a tela junto com a revista Animage, mas a editora não tinha qualquer interesse. Inclusive, as conversas terminaram com um acordo de produção de um anime original de Miyazaki para a Animage e o contrato não previa a possibilidade de adaptação da história para o cinema. O mangá se chamava Nausicaa do Vale do Vento. A adaptação para cinema saiu em 1984. O filme conta a história de Nausicaa, uma princesa, exploradora e pacifista que tenta acabar com o conflito entre facções humanas em um mundo em que o ar está contaminado por miasmas letais.
Além de ser uma obra que consolida a assinatura de Hayao Miyazaki como artista, Nausicaa representa o início da sociedade entre o diretor, Isao Takahata e Toshio Suzuki que, além de trabalharem juntos na produção, se juntaram a Yasuyoshi Tokuma e fundaram em 1985 o famoso Studio Ghibli.
Hoje, aos 80 anos de idade, Miyazaki ainda se mantém leal aos princípios de animação que acredita desde o início de seu trabalho. Sua visão e sua identidade artística segue inspirando o público e outros cineastas, não só por sua técnica mas também por sua mensagem de aprendizado, respeito e esperança.
Entre anúncios de aposentadoria e retornos celebrados, Miyazaki segue produzindo e promete lançar mais um trabalho nos próximos anos. Mas de onde vem a inspiração para essas obras-primas do cinema mundial? Esse é o Retrato Omelete Especial Bentô, com o adorável diretor Hayao Miyazaki. Confira acima!