Filmes

Crítica

Crítica: Ibrahim Labyad

Cidade dos Faraós

23.10.2009, às 15H00.
Atualizada em 15.01.2017, ÀS 03H05

Depois da lamentação e dramas do fraco Edifício Yacoubian, Marwan Hamed retorna com Ibrahim Labyad (2008). E o faz com alguns truques novos na manga.

O segundo longa do cineasta é uma espécie de Cidade de Deus no Cairo. Se passa em uma das mais pobres e violentas regiões da cidade, à beira do deserto, onde favelas se misturam a ruínas ancestrais. O cenário é impressionante e a fotografia de Sameh Selim o registra com competência extrema, que dá ares de superprodução ao filme. Montagem e trilha sonora ajudam na excelente primeira metade da película, violenta e cheia de ação (muito) realista.

Ibrahim Labyad

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As lutas do protagonista, o criminoso Ibrahim (Ahmed el-Sakka), sujeito que só consigo descrever como uma espécie de "Shrek guerreiro", são empolgantes. Ele enfrenta, apanha e corre de dez, vinte pessoas sem que a situação pareça exagerada em momento algum. É a cara de surtado de "Heema", como ele é apelidado, que afasta seus oponentes - além de suas facas, claro, que ele usa para riscar rostos e corpos, marcando os inimigos.

A trama, porém, é extremamente confusa. Hamed opta pela não-linearidade no texto de Abbas Abu El-Hassan, mas o faz de maneira desencontrada demais. Respostas demoram demais a surgir - e quando isso acontece já não lembramos ao certo das perguntas. Com isso, o filme parece que vai seguir por uma direção quando enfim entendemos que a história é outra, e a saga de dois amigos de infância que entram para uma família criminosa torna-se um romance... que até funcionaria não fosse o tom já estabelecido.

O elenco, porém, faz sua parte. Mahmoud Abdel Aziz é brilhante como o "poderoso chefão" Zarzur. Convence como implacável e respeitado mafioso e igualmente como frágil velhote apaixonado. De el-Sakka então, não há o que falar. Seu olhar ensandecido segura o filme desde o primeiro frame. O interesse romântico dele, vivido por Hend Sabry, e seu melhor amigo, interpretado por Amr Waked, também acompanham bem em suas cenas.

Em síntese, uma produção caprichada, com ótimo elenco e ação realista. Não me surpreenderia se o nome de Marwan Hamed aparecesse futuramente nas cartelas de filmes internacionais. Filmar ele sabe, faltou apenas um pouco mais de concisão no roteiro.

Leia mais críticas da Mostra 2009

Nota do Crítico
Bom
Ibrahim Labyad
Ibrahim Labyad
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Ano: 2009

País: Egito

Classificação: LIVRE

Duração: 134 min

Onde assistir:
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