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Chegou às locadoras o embate entre Freddy Krueger e Jason Voorhees. O primeiro é um pedófilo que mata adolescentes em pesadelos, o segundo também prefere os jovens, mas os mata ainda quando estão acordados.
No novo filme, Freddy quer levar o mérito de alguns assassinatos cometidos por Jason, pois ninguém mais teme o deformado Kruger. Jason descobre tudo e assim o duelo tem início. Enredo patusco, não? E, no entanto, que curiosidade e vontade de ver nos dá!
E Halloween?
Os fãs de Michael Myers devem estar furiosos com o esquecimento do herói de Halloween, justamente em período de comemoração desta festa. Por que Mike não está neste filme?
Os três formam uma espécie de triunvirato do bom/mau cinema de terror inaugurado no final dos anos 70. Mas calma, adoradores destas deliciosas porcarias, porque não é intenção deste artigo meter o pau nestas películas.
Loucos assassinos
A idéia é mostrar o quanto Freddy, Jason e Michael contribuem para espalhar e perpetuar que doentes mentais são perigosos, assassinos e devem ser destruídos.
Estas três intermináveis séries de terror - na verdade terrir, horror cômico - fazem parte da corrente quase oficial do cinema de Hollywood que elegeu doentes mentais e psiquiatras como os maiores vilões do cinema. Isto coincide com o movimento da antipsiquiatria que estimulou o cinema a falar mal de qualquer aspecto da psiquiatria, especialmente de médicos e tratamentos tradicionais.
Quem não se lembra de Um estranho no ninho, Frances, O silêncio dos inocentes e, ultimamente de Garota interrompida e Uma mente brilhante?
Durante os anos 70 e 80, tivemos uma enormidade de filmes que venderam a idéia que o tratamento de transtornos mentais deve ser feito longe de hospitais, distante de psiquiatras e sob a supervisão de um profissional extremamente dedicado, maternal/paternal ou, de preferência que se envolva afetivamente com seus pacientes, algo do tipo só o amor constrói a saúde mental!
Vingança de malucos
Nestas três séries de horror, não há exibição explícita do universo da doença mental, mas a referência é evidente:
A vingança de Freddy é estimulada por sua história anterior, em que foi linchado e queimado pelos pais das criancinhas das quais abusou. Jason tem antecedentes de deficiência mental e do que pode ser considerado estresse pós-traumático, pois foi abusado sexualmente em um acampamento de férias para adolescentes. Michael Myers é um doente mental que foge de hospital psiquiátrico para matar sua irmã. Há evidências de um amor incestuoso no passado.
O charme da psiquiatria vem da perplexidade que a doença mental ainda provoca e do medo tolo do desconhecido.O cinema tenta transpor este temor para explicar as brutalidades e impulsos assassinos. O surpreendente é que estes terríveis sanguinários são os verdadeiros heróis. Afinal, eles permanecem e todos nós passamos... e como deuses renascidos estão sempre prontos para repetir seus feitos para a infantilizada platéia que sabe o que vai ver e não quer nada além disto!
Não esperamos que filmes sejam fiéis ao que pode ser encontrado nos consultórios e hospitais que tratam de doentes mentais. Entretanto, é inegável que o cinema é quem mais ensina sobre os problemas mentais, muito mais que a televisão. Portanto assista a Freddy X Jason, divirta-se mas reflita: doente mental não é violento, nem negativo, nem assassino.
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