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K-19 | Crítica

K-19

29.08.2002, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H13

Assim como os filmes de guerra, as batalhas navais já não oferecem o mesmo frescor criativo de antes. Potemkin, Nautilus, Outubro Vermelho, USS Alabama, U-571... As siglas complexas e os nomes exóticos amontoam-se, os motins armados, os atos heróicos e as tonalidades políticas se repetem. Mas sempre existe aquele caso emblemático, um episódio militar mal resolvido, que vale ser relembrado.

Não deve levar muitos anos, por exemplo, até que surja um filme sobre o Kursk, o submarino nuclear russo que afundou em agosto de 2000 no Oceano Ártico, e que matou seus 118 tripulantes, em meio a indícios nebulosos de negligência dos dirigentes da Rússia. Infelizmente, os assuntos militares insistem em aparecer. A trama de K-19 - The Widowmaker (2002), de Kathryn Bigelow, baseia-se num fato real, dos tempos da Guerra Fria, mas sua essência bem que poderia ser confundida com a tragédia do Kursk.

Em 1961, a URSS compete com os EUA pela supremacia bélica mundial. Nada mais eficiente, na época, do que alardear o próprio poderio, sem precisar efetivamente utilizá-lo. Eis que surge, então, entre os comunistas, a idéia de enviar o K-19, o primeiro submarino nuclear soviético, até as geleiras do Pacífico Norte para testes com mísseis. Mikhail Polenin (Liam Neeson), o capitão do K-19, opõe-se ao intento. Afinal, ainda faltam reparos antes que o submergível funcione. Mas os apelos de Polenin não surtem efeito.

A cúpula de Moscou rebaixa Polenin e escala o Capitão Alexei Vostrikov (Harrison Ford, numa atuação sem brilho, mecânica), um rígido burocrata, para comandar o submarino. No dia do batismo, sinal de azar, a garrafa não se quebra. No momento do embarque, morre atropelado o médico do K-19, prontamente substituído por um senhor com inclinação a enjôos. Nos primeiros momentos em alto mar, aparecem goteiras e infiltrações. Não demora até que a embarcação receba o apelido Widowmaker, ou Fabricante de Viúvas. Resta à tripulação tentar sobreviver ao famigerado teste e aos desígnios de seu novo comandante.

A diretora Kathryn, de Caçadores de emoção (Point break, 1991), produz bons momentos de tensão, principalmente quando surgem as falhas nucleares do submarino. Por estes momentos, K-19 - The Widowmaker deixa sua marca, em meio a um gênero combalido. Também mostra-se inteligente ao desfazer o mito dos motins, em nome da união e da hierarquia, ao contrário do improvável Maré vermelha (Crimson tide, de Tony Scott, 1995).

Mas os 138 minutos da película parecem mais extensos do que já são. Surgem ao menos três boas oportunidades para encerrar a história, mas a diretora insiste em prolongar a narrativa, em nome de um reforço de idéias patrióticas. No fim, fica um saldo equilibrado.

K-19
(K-19 the widowmaker) EUA, 2002

Direção: Kathryn Bigelow
Roteiro: Louis Nowra, Christopher Kyle
Elenco: Sam Spruell, Harrison Ford,
Peter Stebbings, Liam Neeson,
Peter Sarsgaard, Christian Camargo,
Joss Ackland

Imagens © Paramount Pictures

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