"Na última sexta-feira concluímos o filme, e estou secretamente bem otimista", começou Andy Serkis na entrevista que o ator e diretor de Mogli - O Livro da Selva concedeu ao Omelete para falar do primeiro trailer. Serkis comentou a ambientação, a escolha do protagonista, o trabalho de captura de movimentos com o elenco, e soltou: "As pessoas podem pensar que conhecem essa histórias mas elas verão que nossa interpretação é bem diferente".
A escolha de Mogli
Rohan Chand é um jovem ator extraordinário. Eu vi ele pela primeira vez em O Grande Herói, ele faz um papel pequeno como uma criança afegã no final do filme. Eu disse para nossa diretora de casting que a gente precisava testar Rohan para o papel de Mogli. Eu gostaria de dizer que testamos duas mil crianças para esse papel, mas na verdade ele foi nosso terceiro teste, e imediatamente senti que ele era o certo.
Na galeria abaixo, destacamos alguns pontos do trailer com as declarações de Serkis - confira! Mogli - O Livro da Selva tem marcada para 19 de outubro.
A jornada
Rohan tem toda uma jornada no nosso filme, é como um trabalho de um adulto no papel de uma criança. Ele precisa estar presente fisicamente e emocionalmente, como órfão criado por lobos e também no mundo dos humanos, criando uma identidade com o que ele julga ser o melhor dos dois mundos, para entender quem ele realmente é.
As pré-concepções
O tema de Mogli é familiar, mas o tratamento que damos, dramatizando as coisas, é diferente. Teremos algumas revelações sobre alguns personagens que vêm depois do que está no livro, e as pessoas podem se surpreender. O principal problema que enfrentamos aqui são as pré-concepções das pessoas, porque elas conhecem uma versão de The Jungle Book, que remete à animação de 1967, e nós temos um viés completamente diferente, que é fazer uma história indiana muito autêntica do período colonial da virada do século 19 para o 20. É quase uma história de Davi e Golias muito emocional com Mogli.
A "narrativa mais sombria"
Bem, é um filme de censura 13 anos e eu acredito que seja um filme para a família mesmo, da mesma forma que The Jungle Book é uma obra que se recomenda ler quando você chega aos 12 ou 13 anos. É uma versão sombria não como uma coisa gráfica demais, mas no sentido de que a floresta é um local de perigo, selvageria e consequências reais, ao invés de ser um lugar em que nada acontece, sabe? É uma jornada visceral. Não é um filme para uma criança de sete ou nove anos, mas é uma história para várias idades e quem for mais velho pode gostar, porque há uma autenticidade ali.
O título
Quando eu entrei neste projeto, o filme de Jon Favreau [de Mogli, para a Disney] ainda não tinha começado a se concretizar mesmo, e a ideia era que se chamasse The Jungle Book Origins e fosse uma franquia de quatro filmes, contando a história de Mogli até se tornar adulto. Agora depois de tudo o que aconteceu, não sabemos ainda se isso vai se completar ou não, mas uma coisa que temos certeza é que a história do garoto e sua busca de identidade é muito central, então Mowgli é um título muito melhor para nosso filme.
O processo
O filme é um híbrido de animação e captura de performance com o elenco. Tínhamos três estúdios para as cenas principais. Um com Christian Bale, Benedict Cumberbatch e os outros atores com as roupas de captura de movimento, pontos no rosto, fisicalizando os movimentos dos animais, e em um estúdio auxiliar construímos uma réplica do principal, para colocar Mogli atuando com pontos de referência que seriam os animais. Rodamos por três semanas. Depois fomos para um terceiro estúdio, o maior, com todos os cenários, para Mogli refazer essas cenas que rodamos antes mas no ambiente final mesmo.
O homem branco
Matthew Rhys vive John Lockwood, um caçador branco do período colonial que vive numa vila indiana para resolver problemas que descobrimos haver ali. Ele é um personagem solitário bem misterioso... No filme todo descobrimos que a maioria dos personagens, humanos e animais, sofrem de algum tipo de crise de identidade. O personagem de Matthew também está passando por isso. Esse caçador fica amigo de Mogli e vemos uma relação sendo criada entre os dois, e como essa amizade se desenrola.
A vila dos homens
A vila dos homens é onde nós nos descolamos um pouco das interpretações anteriores do clássico. Normalmente a história termina com Mogli rumando para a vila. No nosso caso, a história começa com ele acreditando que é um lobo, no meio ele aprende as leis e os modos da selva, e num certo ponto o nêmesis e agente do caos Shere Khan retorna, e para se proteger Mogli vai para a vila. Cerca de um terço do filme é sobre ele se misturando aos humanos, tentando viver como um. Nós vemos Mogli sendo educado, alimentado por humanos, e ele precisa entender se seu verdadeiro lar é a vila ou a floresta.
Locações reais
Outro desafio foi tornar a floresta real. Reconstruímos sets de fato, não tem computação gráfica, e na África do Sul filmamos em locações para que tudo parecesse uma experiência visceral, uma experiência real em que embarcamos ao lado de Mogli.
Os animais
Um desafio foi tornar esses animais críveis, quando eles falam. Eles precisam ser emocionalmente verdadeiros, como acontece em Planeta dos Macacos na interação com os humanos. Isso começa com o design. Pra mim parecia ridículo ter um tigre fotorrealista e depois encaixar uma voz nele, então desenhamos os animais para parecer com nossos atores, para que expressões faciais pudessem transparecer. Começamos com Benedict Cumberbatch, morfamos o rosto dele com uma versão de um tigre, e num certo ponto você encontra um equilíbrio e é capaz de enxergar os dois. Isso levou um tempo para ser alcançado.
