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Crítica

Crítica: Maré de Azar

Mike Judge domado mas não castrado

13.05.2010, às 18H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H02

Mike Judge começou na televisão, com os sucessos em animação Beavis and Butthead, seguido por O Rei do Pedaço. No cinema, desfrutou de alguma atenção cult com Como Enlouquecer Seu Chefe (Office Space, 1999). O promissor Idiocracy (2006), porém, mostrou ao criador o lado mais negro de Hollywood quando a Fox desprezou completamente o filme, jogando-o nas telas sem alarde algum.

Três anos depois, Judge voltou às telonas com Maré de Azar (Extract, 2009), filme que mostra que, do seu jeito, o diretor aprendeu a lidar com Hollywood.

Maré de Azar

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O filme acompanha um dono de fábrica de extratos (Jason Bateman) que, de uma vida regrada e sob controle, passa a ter que administrar uma existência caótica. Seu negócio, prestes a ser vendido para um conglomerado, pode ir à falência depois de um acidente de trabalho em que um funcionário (Clifton Collins Jr.) perde um dos testículos. Pra piorar, sua esposa (Kristen Wiig) está tendo um caso com o gigolô idiota (Dustin Milligan) que ele contratou, numa loucura induzida por drogas, para tentar salvar seu casamento. E há o vizinho persistente (David Koechner) e seus convites para jantar...

O humor de Judge continua ácido e crítico como sempre. A lição aprendida pelo cineasta foi muito mais em termos de "empacotamento" dessa acidez. Diferente de Idiocracy, em que toda a sociedade norte-americana era reduzida a uma caricatura grotesca o tempo todo, aqui Judge opera dentro dos padrões aceitáveis pelo mercado. Com o estúdio confortável com a embalagem asséptica do produto, ele pode rir da classe média sem o receio que seu filme acabe direto em DVD.

Ainda que jogando com as entrelinhas, o dissimulado resultado é esperto. As piadas, sempre centradas nos personagens e diálogos, são engraçadas (saber repetir algumas é uma arte) e Bateman (Juno) faz aqui o melhor papel de sua carreira. O ator é o que torna verossímil a "maré de azar" do título nacional com sua cara de coitado e interpretação, por mais absurda que seja a cena, sempre moderada e um tanto surpresa.

O restante do elenco é igualmente feliz sob a condução de Judge. Milla Kunis, como uma trambiqueira, está excelente. Sua introdução na primeira cena do filme já diz tudo o que precisamos saber sobre ela. Mas ninguém se compara a Ben Affleck, que está completamente à vontade, barbudo e cabeludo, como o barman e fornecedor de drogas Joel. A cena no apartamento do xamã da maconha é antológica.

Judge não é nenhum David Gordon Green, mas se sustenta muito bem nos diálogos e no entendimento das ansiedades da classe média. Maré de Azar tem poucas, mas boas, gargalhadas de verdade e termina bastante satisfatório e equilibrado. Pena que nem assim o diretor conseguiu nas telonas o sucesso comercial que desfruta na TV. Feito com baixíssimo orçamento, Maré de Azar conseguiu apenas empatar seu custo. Resta torcer para que na próxima ele não mude ainda mais seu estilo visando um sucesso maior.

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Nota do Crítico
Bom
Maré de Azar
Extract
Maré de Azar
Extract

Ano: 2009

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 91 min

Direção: Mike Judge

Elenco: Jason Bateman, Mila Kunis, Kristen Wiig, Ben Affleck, J.K. Simmons, Dustin Milligan, David Koechner, Beth Grant, T.J. Miller, Javier Gutiérrez, Lidia Porto, Gene Simmons, Matt Schulze, Lamberto Gutierrez, Brent Briscoe

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