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Créditos da imagem: Marighella/Divulgação

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Marighella | Wagner Moura diz que filme não foi lançado por questões políticas

Longa tinha lançado previsto para novembro de 2019, mas estreia foi cancelada

14.01.2020, às 12H51.
Atualizada em 14.01.2020, ÀS 14H03

Em entrevista para a coluna de Leonardo Sakamoto, Wagner Moura falou sobre o cancelamento da estreia de Marighella no Brasil. O diretor e roteirista afirmou que a produção foi vítima de censura pela Ancine.

“Como grande empresa, a [produtora] O2 não pode chegar e dizer que a Ancine censurou o filme. Mas eu posso. Susteno o que já disse. É uma censura diferente, mas é censura, que usa instrumentos burocráticos para dificultar produções das quais o governo discorda. Não há uma ordem transparente por parte do governo para que isso aconteça, no entanto já vimos Bolsonaro publicamente dizer que a cultura precisa de um filtro. E esse filtro seria feito pela Ancine”.

O longa chegaria aos cinemas em novembro de 2019, mas a estreia foi cancelada após a produtora O2 ter dois pedidos negados pela Ancine. Segundo Moura, um processo era de redimensionamento de orçamento e outro de ressarcimento de recursos do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), que a produtora teria bancado para cobrir a extensão do orçamento. O diretor afirma que tal trâmite é bem comum em projetos culturais e por isso o longa teve a data de estreia marcada e começou sua divulgação, incluindo o lançamento do primeiro trailer

Sobre um suposto imbróglio financeiro entre a O2 e a Ancine sobre o lançamento do documentário O Sentido da Vida, que estaria inviabilizando a liberação do valor para Marighella, o cineasta afirmou "O atraso na conclusão desse filme ocorreu apenas em novembro de 2019, enquanto a negativa do pedido relativo ao Marighella veio em agosto. Ou seja, uma coisa não tem nada a ver com a outra".

Moura diz ainda que está procurando apoiadores para lançar a produção, embora tenha a “esperança de que a Ancine honre o compromisso, uma vez que já havíamos sido contemplados pelo fundo”.

Para finalizar, ele também comentou sobre a recente indicação do documentário Democracia em Vertigem ao Oscar 2020: “Aliás, no ano em que investiram na destruição do nosso cinema, Bacurau e A Vida Invisível ganharam prêmios em Cannes e, agora, Democracia em Vertigem foi indicado ao Oscar. Duvido que qualquer um desses filmes conseguisse financiamento através da Ancine hoje”. 

Marighella já passou por vários festivais, inclusive o Festival de Berlim, onde estreou sob aplausos. O filme narra a vida do guerrilheiro baiano Carlos Marighella entre 1964 e 1969, quando ele morreu em uma emboscada por policiais na época da ditadura militar. Protagonizado por Seu Jorge, o elenco conta com Adriana EstevesHumberto Carrão e Bruno Gagliasso.

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