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Strings | Crítica

Strings

30.03.2006, às 00H00.
Atualizada em 12.12.2016, ÀS 08H09
Strings
2004, 88 min
Dinamarca/Suécia
Noruega/Inglaterra
Animação/Fantasia
Direção: Anders Rønnow-Klarlund
Roteiro: Naja Marie Aidt, Anders Rønnow-Klarlund

Vozes:James McAvoy, Catherine McCormack, Julian Glover, Derek Jacobi, Ian Hart

Kharo, soberano do reino de Hebalon, decide tirar sua própria vida em nome da paz com os rivais Zeriths. Deixo esta carta para meu filho e corto meu fio principal, são suas últimas palavras. Sim, fio principal. Como o próprio título diz, Strings (2004) é um épico de fantasia protagonizado por bonecos manipulados por cordas. A novidade é que são títeres conscientes de sua condição de títeres.

Logo nas primeiras cenas desta co-produção dinamarquesa, sueca e norueguesa, dirigida pelo dinamarquês Anders Rønnow-Klarlund, a intenção é deixar claro o artifício. Homens aparecem em cima de vigas, ajeitando fios, como nos bastidores suspensos de um teatro. Essas pessoas que controlam as marionetes não aparecerão novamente ao longo do filme. Essa primeira sugestão, porém, permanece. Mais do que a obra em si, o que importa é o conceito por trás dela.

Fora este detalhe, a história segue o esquema narrativo consagrado do gênero, misto de fábula e tragédia grega. Hal Tara é o tal herdeiro de Kharo, príncipe ainda despreparado para governar. Seu tio, Nezo, é o conspirador maior que faz o suicídio parecer assassinato. Nezo não está interessado na paz - e faz Hal acreditar que é preciso derrotar de vez os nômades Zeriths. E lá vai o frágil príncipe em busca de vingança, sem saber das maquinações diabólicas do tio ávido por poder.

São necessárias de duas a cinco pessoas para dar vida a cada um dos fantoches. Nas cenas mais fechadas, dentro de espaços restritos, usa-se muita miniatura. Por outro lado, nos planos abertos, nos cenários desérticos e nas paisagens ao nível das nuvens, fica evidente que muita computação gráfica facilitou o processo. E olha que as sequências grandiosas não são poucas. Strings não é um teatrinho de bonecos. A pretensão é soar como um épico dos mais elaborados.

Não é a trama, de todo modo, que mais interessa aqui. É, sim, a maneira como ela é contada. Rønnow-Klarlund pode ter trabalhado para construir um elogio dos titereiros, mas no fundo seu filme acaba servindo para desconstruir os clichês melodramáticos do gênero. O momento emblemático: a cena em que uma personagem do Bem, prestes a morrer, se despede ao ouvido do herói. Strings subverte a banalidade dessa situação de um jeito criativo: a corda principal dela, que controla a cabeça, vai se desfiando aos poucos, até romper o último fiapo.

São várias as situações em que os bonecos comentam sua própria situação. Um chama o outro decabeça de madeira. Crianças brincam de se emaranhar. Outra solta um trocadilho:sua vida está por um fio!. A questão é que os personagens não sabem onde as cordas, estendidas infinitamente céu acima, terminam. Quem, afinal, dentro de Hebalon, é responsável pela manipulação? Seriam deuses?

Essa pergunta fica sem solução porque o épico clássico, desde o princípio dos tempos, com seus destinos escritos e heróis condenados, também não a responde. Visíveis ou invisíveis, as cordas sempre estiveram lá.

Nota do Crítico
Bom
Marionetes
Strings
Marionetes
Strings

Ano: 2004

País: Dinamarca/ Suécia/ Noruega/ Inglaterra

Classificação: LIVRE

Duração: 88 min

Direção: Anders Rønnow-Klarlund

Elenco: James McAvoy, Catherine McCormack, Julian Glover, Derek Jacobi, Ian Hart

Onde assistir:
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