A cantora de R&B nova-iorquina Mary J. Blige, de carreira praticamente nula como atriz, comentou ao site DigitalSpy seu primeiro grande papel na telona, a cinebiografia de Nina Simone (1933-2003).
Eu vou levar esse papel muito a sério e tentar trazer Nina Simone de volta à vida. Se há um trabalho para o qual eu darei todo meu esforço, é este, disse ela, que atualmente toma aulas de atuação e lê a autobiografia da diva do jazz e do soul.
Nina foi uma personalidade forte e precisou passar por dificuldades parecidas com as que eu tive. Ela sofreu com o racismo, algo que eu ainda passo hoje, disse a cantora de 34 anos, vencedora do Grammy, que cresceu na dura vizinhança do Bronx, nunca completou o colegial e superou recentemente vícios em drogas e bebida.
Ainda que sua experiência de vida seja intensa, não será uma tarefa simples. Nina começou a carreira tentando ser pianista clássica. Para bancar seus estudos em Nova York, trabalhava em clubes e como professora de piano. Seu talento vocal ganhou fama quando, ao tentar emprego em uma casa noturna, lhe foi exigido que soubesse cantar, além de tocar. No fim da década de 50, ganhou seu primeiro contrato. Dona de uma voz poderosa e melancólica, Nina não limitava seu repertório ao jazz. Nas dezenas de álbuns que lançou, ela variou confortavelmente ao blues, soul, gospel e pop - incluindo aí Beatles, Bee Gees e musicais da Broadway.
Outra de suas características mais marcantes é o envolvimento político da sua carreira. Lutando principalmente contra a discriminação racial, compôs pérolas do movimento em homenagem a negros assassinados pelo mundo, incluindo aí Martin Luther King, que inspirou Why? The king of love is dead. No começo dos anos 70, Nina abandonou os EUA magoada com as gravadoras e com o crescente racismo no país. Ela se dizia manipulada pelo showbiz. Vagou pelo mundo, morando na Libéria, Suíça, Holanda, Barbados e outros lugares, até se fixar na França, onde morou até o fim da vida.