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Maze Runner - Correr ou Morrer | Crítica

Muito conceito e pouca história na adaptação ao cinema do primeiro livro da série de James Dashner

17.09.2014, às 17H01.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Criar em imagens um mundo de fantasia ou ficção científica que soe familiar, para permitir a identificação do espectador, e ao mesmo tempo espetacularmente inimaginável, daqueles que passam a povoar os sonhos das pessoas, é um desafio que poucos filmes alcançam. A maioria não vai além de ideias emprestadas e excessos de conceitos - mundos feitos à base da canetada.

Maze Runner - Correr ou Morrer, a adaptação ao cinema do romance futurista de James Dashner, está com a maioria. Seu cenário pós-apocalíptico evoca não necessariamente os filmes de labirinto mais imaginativos - de Labirinto (1986) a O Labirinto do Fauno (2006) - e sim os filmes recentes de formação-juvenil-de-arena, em que aprender a ser adulto se torna um reality show de sobrevivência, particularmente Jogos Vorazes, a série que substituiu Harry Potter como template do mercado.

O filme começa sem créditos iniciais, já colocando o protagonista Thomas (Dylan O'Brien), recém-acordado, no meio de uma clareira-comunidade cercada por um alto labirinto. A ideia é repassar esse terror ao espectador, para que ele também se sinta desconfortável no ambiente hostil, mas logo surgem, como em fila, os coadjuvantes funcionais com suas falas que explicam todos os conceitos das coisas em Maze Runner. Não demora, enfim, para aquela estranheza inicial dar lugar a uma sensação muito familiar: estamos diante da típica narrativa burocrática que dá nome às coisas antes delas sequer existirem.

Para um escritor deve ser divertido ficar inventando esses nomes - Tolkien fez uma enciclopédia com eles - mas os conceitos não se sustentam sem uma narrativa que os envolva. Há mais elementos jogando contra a narrativa no filme de Maze Runner do que a favor. A seleção de elenco é um deles. Embora O'Brien se mostre um protagonista à altura dessa responsabilidade, com uma atuação dedicada, a escalação de Will Poulter como Gally é um equívoco; o primo Eustáquio de Nárnia não conseguiu ainda fazer a transição de moleque chato para bully de fato.

As próprias cenas de ação, que deveriam ser a atração principal, ficam abaixo da expectativa. Os efeitos visuais se perdem na escuridão do labirinto à noite e o diretor Wes Ball não consegue encenar nada além de um raio de poucos metros da câmera: visto de dentro, o labirinto não é claustrofóbico nem colossal, e os momentos de correria mais parecem tiros curtos do que perseguições angustiantes. É curioso que estejam inventando um formato panorâmico, com três telões alinhados, para exibir Maze Runner em alguns cinemas nos EUA, porque isso parece um remendo para compensar a incapacidade de Ball de dar ao labirinto a escala grandiosa que ele exigia.

O que resta ao fim da sessão, depois de algumas reviravoltas que não fazem muito sentido (e não faltam mais personagens funcionais para tentar explicá-las), é o desejo de estabelecer uma franquia de vários filmes. Planos aéreos em computação gráfica mostram como é vasto, tanto horizontal quanto verticalmente, o mundo pós-apocalíptico de Maze Runner, mas cenários dependem de personagens, de conflitos, para ganhar vida, e ainda está faltando achar uma narrativa que justifique esse mundo.

Maze Runner - Correr ou Morrer | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom
Maze Runner - Correr ou Morrer
The Maze Runner
Maze Runner - Correr ou Morrer
The Maze Runner

Ano: 2014

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 114 min

Direção: Wes Ball

Elenco: Will Poulter, Dylan O'Brien, Thomas Sangster, Kaya Scodelario, Patricia Clarkson, Ki Hong Lee, Jacob Latimore, Aml Ameen, Chris Sheffield, Joe Adler, Don McManus, Dexter Darden

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