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![]() Uma, Uma, Uma... |
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![]() Hannah, Fox, Marsden e Liu: Deadly Viper Assassination Squad |
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![]() A Noiva contra os yakuza |
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![]() A Colegial safada, Go Go (Chiaki Kuriyama) |
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![]() Akira? Não. Uma. |
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![]() O violento animê |
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![]() O Village Recoleta |
Como o filme só estréia por aqui em março (se a distribuidora não atrasar outra vez), os editores do Omelete tinham decidido esperar mais um pouco para falar de Kill Bill - Volume 1. Afinal, pra quê criar expectativa se o quarto filme de Quentin Tarantino ainda vai demorar tanto pra entrar em cartaz?
Porém, uma viagem de quatro cozinheiros do Omelete à cidade de Buenos Aires mudou isso. O Marcelo Forlani, um dos editores aqui do site, já tinha conferido a produção no ano passado em Londres e voltou ao Brasil feito um garotinho. A cada três ICQs trocados, um falava algo do tipo "já te falei de Kill Bill?". Sim, ele perturbou todo mundo aqui. Mal sabíamos nós que ele tinha TODA a razão.
Como o filme está passando na Argentina (e na Colômbia, Venezuela, Peru, Chile, México... enfim, em toda a América Latina, menos aqui), decidimos conferi-lo no dia 1º de janeiro, aproveitando as pequenas férias do Omelete - que você nem notou porque o já citado Forlani estava de plantão.
De posse de nossas tampinhas de Coca-Cola Light - que na capital portenha temporariamente dão direito a um ingresso grátis na compra de outro - fomos ao badalado cine Village Recoleta, ao lado do cemitério onde está enterrada (e embalsamada) Evita Perón. As vinte salas do complexo formam um espetacular shopping center de quatro andares em que só existem bares e restaurantes, além de uma loja de CD e DVD e uma livraria (sem falar em um Hooters, aquela lanchonete das garçonetes "avantajadas"). Todos os lugares são NUMERADOS, o que faz com que os argentinos nunca tenham que pegar filas ou preocupar-se com o lugar pra sentar. Assim, eles começam a chegar depois dos comerciais ou durante os trailers. Que inveja... além de tudo é mais barato do que aqui - e muito mais legal.
Com o som no máximo (mais alto só um cachorro ouviria), o filme começa. Em poucos segundos já dá pra sentir que Tarantino está realmente de volta. Os seis anos desde Jackie Brown (1997) são plenamente recompensados logo nas cenas iniciais. Conforme a primeira parte do longa-metragem se desenrola, lentamente revelando a trama - de forma desordenada -, fica claro o motivo da demora. Tarantino está obcecado.
O diretor reproduziu nos mínimos detalhes os filmes de kung fu das décadas de 60 e 70, homenageando astros, estética e situações. O resultado é brilhante!
Dividido em dois filmes, Kill Bill narra a história de uma ex-assassina de aluguel (Uma Thurman) que desperta de um coma com apenas uma motivação: Matar Bill (David Carradine). O alvo de sua vingança cometeu uma terrível traição bem no dia do seu casamento. Lucy Liu, Daryl Hannah, Vivica A. Fox e Michael Marsden completam o elenco e interpretam os antigos colegas de profissão da noiva, que também enfrentarão a sua ira.
Há passagens de um brega incrivelmente bom, outras que rivalizam com Pulp Fiction (1994) de tão bacanas. Há referência pop pra todos os gostos: Akira, Bruce Lee, Besouro Verde, menininhas colegiais (uma das maiores taras dos japoneses) e até o Charlie Brown, do Snoopy, dá as caras. Além disso, a cuidadosa seleção da trilha sonora, uma das marcas registradas do cineasta, é impecável e foi impossível resistir à tentação de comprar o CD na saída.
Todo o elenco está perfeito e Uma Thurman, como a vingativa "Mamba Negra" (cujo nome verdadeiro nunca é revelado), rouba o show. Mais impressionante ainda é pensar que ela tinha acabado de ter um filho antes das filmagens e pouco tempo depois já estava lutando kung-fu com uma centena (literalmente) de guerreiros da yakuza, a máfia japonesa. Aliás, a seqüência é muuuuuuuuuito mais empolgante que a luta de Neo contra os Smiths em Matrix reloaded, e não tem efeitos de computação gráfica, mais uma exigência de Tarantino para manter a aura de nostalgia que cerca a produção.
São justamente as cenas de ação como a citada acima que garantem ao filme seus melhores momentos. Tarantino já tinha avisado: está cansado de filmes de pancadaria absurda, como Matrix, sem sangue. E ele cumpre suas promessas. Há jatos e jatos do líquido jorrando de cortes, mutilações e contusões. Surpreendentemente, não é nojento. É que a textura do sangue escolhida pelo diretor simula a dos antigos filmes de artes marciais e parece meio caricata. É impressionante também a duração das seqüências de kung fu. Só a dos 100 yakuza deve ter pelo menos meia-hora, até o confronto final. No entanto, a criatividade do cineasta garante que o espetáculo jamais fique repetitivo. Ele apaga a luz, brinca com sombras, torna tudo branco e preto, volta a cor, troca de cenário, pára tudo pra inserir um momento marcante... enfim, como já comentei acima, está em sua melhor forma.
Outro momento memorável é a cena em animê, que Tarantino fez questão de dirigir. "Por que eu passaria algo tão divertido para outra pessoa?", revelou em recente entrevista. Trata-se de um dos momentos mais violentos de todo o filme, que conta a origem de O-Ren Ishii (Lucy Liu), uma das mais perfeitas assassinas do mundo. A cena, foi produzida pelo mesmo estúdio de Ghost in the Shell, traz toda a estética dos desenhos animados da Terra do Sol Nascente, com a maior carga de dramaticidade e violência possíveis.
Os pontos negativos da produção são poucos. Os diálogos "tarantinescos" têm pouco espaço na primeira parte de Kill Bill pela natureza da história. Resta torcer para que a segunda parte, Kill Bill - Volume 2 - Love story, tenha mais dessa excelente característica do autor. Aliás, esse é justamente o outro ponto fraco. Cortado ao meio, Kill Bill deixa os espectadores loucos de vontade de saber o que acontece na segunda parte. Ainda mais porque a frase final é uma revelação arrepiante. Pior mesmo é imaginar que é muito provável que a segunda parte só chegue ao Brasil no meio do segundo semestre.
Felizmente, a Argentina fica pertinho. ;-)
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