Raro retrato da homossexualidade feminina na terceira idade, vista em paralelo com as crises econômicas latino-americanas, o drama sul-americano Las Herederas, do estreante paraguaio Marcelo Martinessi, conquistou nesta sexta-feira (23), no 68º Festival de Berlim, o Prêmio da Crítica, da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica (Fipresci).
De tintas LGBT em sua trama, o longa-metragem foi rodado em Asunción, uma coprodução com o Uruguai e o Brasil, com o apoio da cineasta carioca Julia Murat (premiada no evento alemão de 2017 por Pendular).
"Prêmios como este são um estímulo para que o cinema da América do Sul seja visto mundialmente com o destaque que merece", disse Martinessi. "Você passa uma vida de cinéfilo tendo jornais e revistas especializadas como seus principais companheiros de paixão pelos filmes, graças ao trabalho da crítica".
Conciso (95 minutos enxutinhos) e requintado nos enquadramentos, Las Herederas acompanha uma mudança na vida de Chela (Ana Brun) depois que sua companheira de toda uma vida, Chiquita (Margarita Irún), vai presa sob a acusação de ter cometido uma fraude bancária. "Em 2006, a partir de seu trabalho na Fipresci, José Carlos Avellar, um dos mais importantes críticos do Brasil, ajudou o filme Hamaca Paraguaya a ser premiado em Cannes. Este noite, ao premiar o belo filme de Martinessi, estamos honrando a memória de Avellar também e seguindo seus ensinamentos", disse Abbade na Berlinale. "Tomara que nosso prêmio possa contribuir para que o Paraguai encontre mais lugar nos cinemas".