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Festival de Cannes | Drama russo Loveless abre disputa pela Palma de Ouro com aplausos calorosos

Filme de Andrey Zvyagintsev deixou evento sem fôlego

17.05.2017, às 22H52.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Acolhido pelo planisfério cinéfilo como uma reserva estética de arrebatamento desde que ganhou o Urso de Ouro em Veneza por O Retorno (2003), o russo Andrey Zvyagintsev tirou o fôlego de Cannes - e foi recompensado com uma fervorosa salva de aplausos por isso - com o primeiro dos 19 concorrentes à Palma de Ouro do festival nesta recém-inaugurada edição de 70 anos: Loveless.  Tradução melhor do que a literal, "desamor", este longa-metragem não poderia ter, ao registrar a derrocada moral de uma Europa açodada de dividas. Trata-se de um retato moral da classe média a partir de sua falência amorosa, que começa como um reles quiporocó familiar e evolui para uma trama policial exasperante. 

No filme, um ex-casal que não se suporta tem um filho pra criar. Mas o garoto sofre com o desdém de ambos, que desenvolveram vidas paralelas sem se preocupar com o bem estar dele. Um dia, o menino desaperece. E aí... o lodo transborda e afoga as poucas aparências que sustentavam aquela relação. A montagem do filme evolui para um clima de suspense que sufoca a plateia, enquanto a fotografia (aspecto mais bem cuidado na obra do cineasta) se deixa embebedar pela imensidão de cinza e de verde escuro ao seu redor. 

Amanhã (18), Cannes recebe, na Quinzena dos Realizadores, a aguardasa versão da diretora francesa Claire Denis (Minha Terra África) para o livro Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes. O projeto se chama Un Beau Soleil Intérieur e tem mitos como Gérard Depardieu e Juliete Binoche no elenco.

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