O Oscar 2018 está chegando e preparamos um especial explicando cada categoria e os filmes indicados. Agora é a vez de Melhor Design de Produção.
- Conheça os indicados ao Oscar 2018
- Conheça os indicados a MELHOR DIREÇÃO
- Conheça os indicados a MELHOR FILME
- Conheça os indicados a MELHOR ANIMAÇÃO
- Conheça os indicados a MELHOR ATOR e MELHOR ATOR COADJUVANTE
- Conheça os indicados a MELHOR FILME ESTRANGEIRO
- Conheça os indicados a MELHORES EFEITOS VISUAIS
- Conheça os indicados a MELHOR MAQUIAGEM e CABELO
- Conheça os indicados a MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
- Conheça os indicados a MELHOR ATRIZ e MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
Presente na premiação da Academia desde a década de 20, a categoria honra os responsáveis pela direção de arte de um filme, tendo mudado de nome em 2012, quando o braço de direção de arte dos membros da academia passou a ser chamado de braço dos designers. Desde 1947, o prêmio é dividido entre o designer de produção e os cenógrafos, responsáveis pelo "visual físico"do filme.
A designer Sarah Greenwood e a cenógrafa Katie Spencer (ambas de Anna Karenina, 2012) são as indicadas ao prêmio pelo live-action da Disney. Como não poderia ser diferente, o grande desafio da produção foi recriar o ambiente do longa animado de 1991, trazendo também elementos novos. “Como história, você pensa ‘é simples: uma vila, uma floresta, um castelo’. Mas é realmente muito complicado”, diz Greenwood à EW. No salão de festas principal, a designer colocou pequenos easter eggs e também se inspirou no movimento artístico rococó. “O que não queríamos era algo que parecesse úmido e encoberto. O rococó funcionou muito bem porque é exuberante”. Já Katie Spencer revela que se preocupou com os detalhes, desde os grandes cenários até os pequenos: “Você nunca sabe para onde a câmera vai apontar. Precisamos saber onde cada coisa vai ficar e o motivo. Não pode ser apenas ‘eu quero que isso fique ali’. Isso precisa ficar ali com algum objetivo”. As duas estão indicadas nessa mesma categoria por O Destino de uma Nação.
Líder de indicações ao Oscar 2018, A Forma da Água chamou a atenção pela forte identidade visual criada por Paul Austerberry (Pompeia), Shane Vieau (Esquadrão Suicida) e Jeffrey Melvin (A Colina Escarlate), indicados pela Academia. Para chegar ao resultado, Austerberry fez quatro semanas de pesquisas intensivas em conjunto com todo o departamento de arte, usando inclusive vários cenários práticos de Toronto (Canadá). Sobre o set do laboratório que mantém o homem anfíbio, ele explica que quis criar um contraste entre o ambiente opressivo do local e como ele se torna um refúgio lúdico onde Elisa e a criatura se apaixonam. Nas pesquisas em Toronto, o diretor Guillermo del Toro ficou encantando com o teatro Massey Hall, e o designer o transformou no cinema que abriga os apartamentos de Elisa e Giles. “A ideia era que o espaço em cima do cinema já tinha sido um grande lugar para festas e foi dividido em apartamentos nos anos 20 ou 30. O apartamento de Elisa era usado como um depósito de caixinhas de filme e há alguns resquícios disso em algumas estantes perto da cama, que ela modificou por causa de sua paixão por sapatos”, explica Austerberry.
Dennis Gassner (007 Contra Spectre) e Alessandra Querzola (Ben-Hur) são os responsáveis pelo design de produção do longa de Denis Villeneuve. O destaque do longa é ter evoluído os conceitos do filme de 1982, ao mesmo tempo em que dá vida à visão de Villeneuve daquela realidade. Ao questionar o diretor sobre o que ele queria para o filme, Dennis Gassner ouviu a palavra “brutalidade”. Para ajudar nesse conceito, ele explorou os grandes prédios de Budapeste, onde a produção foi filmada. Porém, ao começar seu trabalho, Gassner colocou como prioridade conseguir um modelo do icônico carro Spinner: “O Spinner criaria uma linguagem padrão, que poderíamos espalhar pelo resto daquele universo. É realmente um personagem em si, porque é uma extensão de quem K é”. O designer também explica que há um conceito de separar aquele mundo dos elementos naturais: “É assim com a parede do mar que protege a cidade de ser inundada. É sobre a sobrevivência das pessoas que restaram naquele mundo”.
Nathan Crowley e Gary Fettis (ambos de Interestelar) assinam o design de produção mais destoante da categoria: ao invés de mundos mágicos ou de época, Dunkirk apostou na frieza para retratar a realidade dos soldados presos na praia aguardando socorro. Como outros colaboradores do filme, Crowley estudou a Segunda Guerra Mundial e teve a tarefa de fazer o mole, um píer que se estende para o mar como um caminho de esperança para os jovens. “Quando fomos até Dunquerque, andamos até o fim da parte das pedras, que tinha aproximadamente 90 metros. O resto da construção de madeira e concreto feita em 1937 tinha acabado, mas as fundações estavam ali. Eu estava com Chris [Nolan], alguns pescadores franceses estavam por perto, e me lembro de dizer ‘precisamos reconstruir essa coisa’”. Outro detalhe que chama a atenção no longa são os aviões e barcos clássicos que aparecem no resgate e no combate. Crowley revela que o avião Supermarine Spitfire foi mais fácil de encontrar e que os barcos saíram de um museu na Noruega, que ainda tinha modelos da época em pleno funcionamento.
Sarah Greenwood e Katie Spencer repetem a indicação na categoria, no filme que mostra como Winston Churchill (Gary Oldman) enfrentou a pressão entre negociar ou lutar contra Adolf Hitler no começo da Segunda Guerra Mundial. Em entrevista ao Rama’s Screen, Greenwood e Spencer explicam que, ao contrário do que acontece hoje, a Inglaterra vivia uma situação de abandono na época. O dinheiro estava escasso, as dívidas com outros países estavam altas e tudo isso foi transmitido no visual da produção. Já o quarto onde Churchill recebe o rei George VI foi recriado para transmitir como o Primeiro Ministro estava naquele momento: “Foi ali que Churchill alcançou o ponto mais baixo, ele estava deprimido e parecia que queria se esconder do mundo (...) Essa cena estava originalmente em uma sala com lareira, mas não tinha como o rei entrar em um local como aquele. Então encontramos esse quarto quando estávamos pesquisando por locações. Há uma tensão desconfortável, com uma luz ruim, que pareceu bem certa para o momento”, completa Greenwood.
O Oscar 2018 acontece em 4 de março, com apresentação de Jimmy Kimmel. Confira a cobertura completa do Omelete no site e nas redes sociais.