Você já assistiu ao trailer de Wheels? O vídeo tem circulado na Internet como se fosse a prévia de um filme de verdade, mas na realidade apenas satiriza os clichês dos trailers em geral e das comédias românticas em particular.
Antes de falarmos de O Amor pode dar certo (Griffin & Phoenix, 2006), dê uma conferida. Pode ir que eu espero.
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Não há segredo, como Wheels mostra, dentro da estrutura de uma romcom. Homem e mulher estão de bobeira, acabam se conhecendo em cena casual. Percebem que têm algo em comum - geralmente associado aos prazeres da vida, como o sexo. Quando a coisa começa a ficar séria, fim do segundo ato, eles problematizam a relação (se houver uma antiga namorada nessa hora, facilita; ciúme sempre facilita). A redenção vem no fim, na esperada cena-do-beijo-na-chuva.
Está tudo ali em O Amor pode dar certo, um drama com estrutura de comédia romântica, menos a chuva.
A cena casual é quando Henry Griffin (Dermot Mulroney), depois de descobrir que tem um câncer terminal, assiste a uma aula sobre a morte na Universidade de Nova York e encontra Sarah Phoenix (Amanda Peet). Ela também está doente, a esperança é mínima. Os dois se conhecem, mas não dividem seus dilemas. Não chegou nessa parte ainda.
O primeiro contato é tão simpático quando impessoal - o tempo todo Griffin e Phoenix se chamam pelos sobrenomes, como no título em inglês. Impessoalidade é a maneira de passar bons momentos ao lado de outra pessoa sem pensar muito nas consequências. Mas o plot twist se aproxima: Griffin fica sabendo da doença de Phoenix, e vice-versa, e o que segue é aquela cumplicidade glicosada, um confessando ao outro o ódio pela vida interrompida.
Pedir que O Amor pode dar certo fuja da fórmula seria muito mesmo, e o filme se defende com dignidade por meio das atuações. É difícil mensurar aquilo que as pessoas chamam de "química". O que faz um ator e uma atriz combinarem? Neste caso, ajudam bastante os diálogos e a interpretação naturalista de Mulroney e Peet, que parecem improvisar, como dois conhecidos de longa data. Mulroney tem o charme maduro, não-fabricado, que muita mulher gosta. E Peet é veterana no gênero, já beijou na chuva o suficiente.
Falando em chuva, vale avisar, ainda que você já tenha percebido: ela não vem mesmo, mas tanta choradeira é como se fosse um dilúvio. Tome beijo com lágrima! Nêgo uma hora dessas ainda vai morrer de engasgo. É prudente, aí do seu lado, pegar o pacote de lenço antes de sair. Ou melhor: fica em casa, pois o DVD do filme está prometido para o final de junho. Porque pegação no sofá é outro clichê indispensável às comédias românticas.
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