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Por causa da roupagem de contos de fadas que selou o sucesso de público de Uma linda mulher (BLEARGH!), Garry Marshall foi chamado pela Disney para dirigir filmes baseados da série literária O diário da princesa.
Péssima idéia!
Mais que no primeiro filme (Princess Diaries, 2001), esta continuação tira completamente Mia do planeta Terra e a coloca numa destas comédias românticas (no pior sentido do termo) que aquela sua tia grudenta tanto adora.
A história de O diário da princesa 2 (Princess diaries 2: The royal engagement, 2004) se passa toda em Genóvia, o principado que a menina vai governar e onde tudo é velho. A suíte da princesa é dourado-teia-de-aranha, com direito a terninhos antiquados e um pôster de Amarcord. Nada contra Fellini, mas a Mia dos livros teria um pôster de Titanic, Pearl Harbor ou qualquer outro desses produtos feitos para adolescentes.
Em certo momento do filme, ela confessa que é fã de I Love Lucy. Nos livros, ela fica completamente hipnotizada é pela tosquice de SOS Malibu (Baywatch). O ponto aqui não é se a adaptação é fiel ou não ao livro, mas sim se o longa vai funcionar para a faixa etária pretendida, o que dificilmente vai acontecer.
No primeiro filme até que algumas adolescentes podiam se identificar com o desajeito de Mia. Nesse segundo, vai ser complicado. Até o interesse romântico da princesa tem uma pele bem sambadinha... :-P
E se o filme foi feito pensando nas fãs dos livros de Meg Cabot, aí é que não vai colar mesmo. Adolescentes mais esquentadinhas vão odiar a overdose de glicose dos diálogos. Acredito que nem as crianças vão se deixar enganar.
Anna Hathaway, que encarna Mia desde o primeiro filme, é ótima para o papel, mas com aquele nível de diálogo não havia o que fazer. Também jogados na lama estão Heather Matarazzo, como a melhor amiga de Mia, Lilly, e John Rhys-Davies (Gimli de O Senhor dos Anéis), como um político patético que vive citando o santo nome de Maquiavel em vão.
Pior ainda para Julie Andrews, que faz uma versão pra lá de açucarada da avó de Mia. No filme, a atriz canta pela primeira vez no cinema depois de uma desastrada cirurgia que quase acabou com a sua voz. Para seu azar, a musiquinha não podia ser mais sem graça. Coitada...
O filme não tem ritmo, as piadas são sem graça e antiquadas, a direção é primária. Melhor mesmo é comprar os livros e se imaginar no lugar de Mia. Com o cinema em sua cabeça, o resultado vai ser bem melhor que na telona...
Ano: 2004
País: EUA
Classificação: LIVRE
Duração: 113 min
Direção: Garry Marshall
Elenco: Anne Hathaway, Julie Andrews, Chris Pine