O Mundo Depois de Nós | Diretor defende final divisivo: "Quero provocar debates"

Atualmente em primeiro lugar no ranking das produções mais assistidas da Netflix, o filme O Mundo Depois de Nós tem extraído reações extremas do público – algo na linha do "ame ou odeie". Para o diretor Sam Esmail, isso não é exatamente um problema. Em entrevista ao Omelete, ele defendeu o final aberto da produção, dizendo que "nem sempre obtemos as respostas para as nossas questões".

• [crítica]: O Mundo Depois de Nós quer falar muito, mas acaba não dizendo nada

"Quando escrevi o final do filme, sabia que não seria o desfecho ideal para qualquer pessoa", afirmou. "Sei que muitas pessoas buscam formas de entretenimento como uma espécie de escapismo, e elas querem finais satisfatórios, respostas e soluções no final. Mas, para mim, isso trairia o ponto central da história, que é refletir justamente sobre toda a bagunça que acontece nas nossas vidas, e que nem sempre recebemos as respostas para as nossas questões".

[Atenção, spoilers de O Mundo Depois de Nós abaixo]

No filme, seguimos as férias da família de Amanda (Julia Roberts) e Clay (Ethan Hawke), que tomam um rumo inesperado quando G.H (Mahershala Ali) e Ruth (Myha’la) aparecem, solicitando abrigo no meio da noite após um blackout tomar a cidade de Nova York. Em um cenário apocalíptico repleto de eventos misteriosos, como a perda de conexão de internet e o surgimento de animais com comportamentos estranhos, o filme se interessa mais em explorar as dinâmicas entre os personagens do que em desvendar as razões por trás do cataclismo que levou ao colapso da humanidade.

Na conclusão do longa, o jovem Archie (Charlie Evans), filho de Amanda e Clay, percebe que seus dentes estão caindo, enquanto Rose (Farrah Mackenzie), a filha do casal, está desaparecida. Diante dessa situação, G.H e Clay decidem buscar ajuda no vizinho Danny (Kevin Bacon), que não oferece assistência alguma. Enquanto isso se desenrola, Amanda e Ruth partem em busca de Rose, mas enfrentam dificuldades.

Paralelamente, testemunhamos o impacto global de uma guerra se alastrando, com explosões visíveis sobre Nova York. Contudo, nos últimos minutos, somos surpreendidos ao ver que Rose está bem. A jovem adentra uma casa abandonada, onde descobre um bunker equipado com água, comida, eletricidade e uma biblioteca repleta de DVDs. Entre as opções disponíveis, ela encontra um box de Friends, proporcionando-lhe finalmente a oportunidade de assistir ao último episódio da série.

Ao justificar a escolha um tanto incomum de concluir a trama, Esmail argumentou que elaborou a sequência com a intenção de desafiar o público e instigar conversas, em vez de fornecer respostas e conclusões convencionais e satisfatórias.

"Não queria usar um ponto final para concluir uma sentença, e sim reticências. Estou muito mais interessado em ver o público completar a frase com suas próprias conclusões", disse. "Sei que pode parecer pretensioso, mas, honestamente, para mim, ao fazer um filme que é mais um conto preventivo, o final tem que permanecer na mente do público. Quero provocar debates e conversas. Esses são os tipos de finais que mais me animam".

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