O logo da Warner Bros. abrindo O Silêncio (Das Letzte Schweigen, 2010) já entrega que não estamos diante de uma produção alemã independente, como a grande maioria que chega às nossas telas (algo que a qualidade técnica das primeiras cenas confirma). O apoio do estúdio hollywoodiano pagou bons atores, garantiu equipamento de primeira e até caras tomadas aéreas.
O problema é que o diretor Baran Bo Odar, em seu segundo longa, apesar da boa premissa que criou, foi incapaz de exercer o desapego na pós-produção. Os 118 minutos do filme são excessivos e poderiam ter sido melhor editados para um ritmo mais dinâmico - algo que o tema, uma história policial e de suspense, pede. Inserts clichês, como imagens batidas de nuvens aceleradas e parque de diversões macabro, também são absolutamente dispensáveis, ao som de uma trilha sonora nada criativa, intrusiva e onipresente.
O Silêncio
A trama abre com um assassinato nos anos 1980. Dois sujeitos a bordo de um carro vermelho param uma garotinha em um campo de trigo, a estupram e matam. Vinte e três anos depois, o caso nunca foi solucionado e o policial encarregado está se aposentando. Mas um novo assassinato - no exato mesmo lugar do primeiro e nas mesmas condições - faz ressurgir sentimentos e obsessões no velho detetive (e seu sucessor), na mãe da primeira vítima, na família da nova menina e... e um dos assassinos de 23 anos antes.
Essas reações são a melhor parte do filme: acompanhar como cada um dos envolvidos recebe as notícias do novo assassinato e lida com essa informação. A ideia de ter dois assassinos é uma boa novidade também, já que o gênero é normalmente consagrado pelo psicopata solitário. Aqui, a irmandade entre os dois pedófilos é que gera o macabro interesse. Nada que o próprio filme não destrua rapidamente, porém, já que ao final teima em explica cada acontecimento da história, desmerecendo completamente a inteligência do público.
Ano: 2010
País: Alemanha
Classificação: 16 anos
Duração: 118 min
Direção: Baran bo Odar
Roteiro: Baran bo Odar
Elenco: Ulrich Thomsen, Wotan Wilke Möhring, Sebastian Blomberg