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O Ultimato Bourne

O fim da excelente trilogia do espião sem memória

23.08.2007, às 16H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H28

No fim de A Supremacia Bourne (2004) acompanhamos o ex-agente desmemoriado fugindo pelas ruas de Moscou. É neste exato ponto que O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum, 2007) começa, como se tivesse sido feito na seqüência - ao estilo dos segundo e terceiro Matrix e Piratas do Caribe, mas sem deixar na boca o amargo gosto do "To be continued..."

A perseguição ainda não acabou e, embora a correria ainda esteja longe de um desfecho, o que motiva o filme é a busca de Bourne (Matt Damon) pela sua real identidade. As dores de cabeça e os flashbacks continuam e apesar das explosões, tiros e brigas, Bourne continua seguindo em direção ao passado que lhe foi apagado da memória.

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Globalizada como poucas, a série continua trocando de paisagem tal qual um espião muda de passaporte. De Moscou passa por Paris, Londres, Madri, Tânger (Marrocos) e, por fim, aterrisa em Nova York. Mas a primeira pista importante vem de Turim (Itália), onde alguém ligado ao passado de Bourne começa a abrir o bico a um interessado e curioso britânico. E é justamente em Londres que acontece uma das mais bem orquestradas cenas do filme. Na movimentada estação de trem Waterloo, Bourne tem de se encontrar com o inglês e ainda escapar de um assassino que está no seu encalço.

Tensão maior, só na perseguição pelas ruas marroquinas, que tende a ser mais empolgante do que a corrida de carros pelas ruas de Nova York - outra marca registrada da franquia. Com Bourne na linha de frente e o habilidoso diretor Paul Greengrass atrás das câmeras, é assim mesmo: a imprevisibilidade predomina. É impressionante como até merchadising ele filma bem, de uma forma que não ofende o público que pagou para ver o filme, não uma grande vitrine.

O cineasta inglês constrói - com a ajuda dos roteiristas Tony Gilroy e Scott Z. Burns - um filme de espionagem como há muito tempo não se via, que não trata o espectador como uma criança mimada, que precisa ser levada pela mão até o fim, e que não depende apenas dos efeitos especiais para sobreviver. Mas quem mais merece créditos - e prêmios (será que a Academia vai deixar isso passar em branco de novo?) - são o diretor de fotografia Oliver Wood, o editor Christopher Spouse e o editor de efeitos sonoros Christopher Assells. A câmera na mão, tremida e com zooms milimétricos que pontuam a tensão do momento, e a edição picotada, mas muito bem montada, colaboram com a inquietude do protagonista. Enquanto isso, a sujeira sonora do dia-a-dia dá ao filme o diferencial realista, formatando o que todo bom filme de ação deveria tentar ser.

Em tempos de reinvenção do clássico James Bond e do explosivo Jack Bauer (que enfrentou problemas em sua última temporada), é outro JB que sai eliminando seus adversários com mais estilo do que qualquer um. Jason Bourne trouxe de volta a ação mais adulta, com um caráter político e atual. Dá até vontade de pedir mais um, mesmo sabendo que a missão já foi cumprida - e com louvor.

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