O Oscar 2023 se aproxima e, com ele, chega o momento de preparar as apostas e aquecer para a cerimônia cinematográfica mais pop do ano. E uma das maiores categorias, a de Melhor Direção, apesar de não mencionar nenhuma cineasta mulher, abraça diretores de vários tipos: de veteranos da Academia a nomes quase estreantes e de diversas partes do mundo.
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Confira abaixo um pouco mais sobre cada um dos indicados a Melhor Direção no Oscar 2023:
Martin McDonagh, por Os Banshees de Inisherin
Martin McDonagh é um dos sujeitos mais reconhecidos pela Academia, principalmente considerando o número pequeno de obras cinematográficas que ele já realizou. Depois de passar o início de sua carreira no teatro, McDonagh venceu o Oscar por Melhor Curta-Metragem com o primeiro filme que fez na vida, O Revólver de Seis Tiros, em 2004. A vitória chamou a atenção da produtora Focus Features, que lançou o seu primeiro longa, Na Mira do Chefe, em 2009. A comédia - que já contava com um elenco estelar, com Colin Farrell, Brendan Gleeson e Ralph Fiennes - não só foi universalmente aclamada pela crítica como reconhecida como uma indicação por Melhor Roteiro Original pela Academia. Em 2012, ele lançou o seu único filme não reconhecido com uma menção no Oscar, Sete Psicopatas e um Shih Tzu.
Mais recentemente, McDonagh retornou aos holofotes com o pesado e bonito Três Anúncios para um Crime, filme lançado em 2017 e protagonizado por Frances McDormand. Três anúncios recebeu sete indicações na cerimônia de 2018, levando a estatueta por Melhor Atriz (McDormand) e Melhor Ator Coadjuvante (Sam Rockwell).
Em 2022, McDonagh retorna à premiação com Os Banshees de Inishiren. O longa de amizade e conflito retoma a fórmula de seu primeiro longa, reunindo Colin Farrell e Brendan Gleeson no contexto de uma cidadezinha, desta vez uma ilha da Irlanda.
Daniel Kwan & Daniel Scheinert, por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
Conhecidos como os Daniels, a dupla responsável por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo é frequentemente citada como cineastas mais excêntricos de Hollywood hoje em dia, e não é difícil entender o porquê. Daniel Kwan e Daniel Scheinert começaram a carreira dirigindo videoclipes, comandando algumas obras de Foster The People, The Shins e Tenacious D antes de realizar o trabalho que os alavancou para a fama mundial: o clipe de “Turn Down for What”, do DJ Snake com Lil Jon, lançado em 2013. O clipe foi indicado no UK Music Awards, no MTV Music Awards e até no Grammy.
Em 2016, os Daniels seguiram para sua primeira empreitada no cinema com a comédia sombria e absurda Um Cadáver para Sobreviver, que alia Paul Dano e Daniel Radcliffe num filme meio escatológico e totalmente comovente. Além das críticas positivas, o duo saiu vencedor de Melhor Direção no Festival de Sundance daquele ano.
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo é o segundo filme da dupla. Além de ter quebrado recordes de arrecadação para a produtora A24, o drama–comédia-épico-sci-fi rendeu 11 indicações ao Oscar e já levou estatuetas do SAG, Critics Choice e, mais importantemente, no DGA, Sindicato de Diretores, forte indicador para o Oscar de Melhor Direção.
Steven Spielberg, por Os Fabelmans
Desde o seu primeiro longa, (o ótimo) Encurralado, o diretor americano Steven Spielberg parece ter vindo para revolucionar o cinema e, inclusive, é creditado como o responsável por redifinir o termo blockbuster. Desde 1975, quando lançou Tubarão, Spielberg se tornou um fenômeno global e o termo "arrasta quarteirão" passou a ser usado para se referir a essas produções gigantes, empolgantes, que geravam buzz de público. Não surpreendentemente, com o desenvolvimento de sua filmografia e o lançamento de filmes como Jurassic Park, E.T - O Extraterrestre, a franquia de Indiana Jones e por aí vai, Spielberg veio a se tornar o diretor mais lucrativo nas bilheterias.
Nos anos 90, Spielberg passou a se interessar mais por épicos de guerra e começou a década lançando um de seus mais memoráveis até hoje, A Lista de Schindler, indicado a 12 Oscars e vencedor de cinco estatuetas. De lá até aqui, Spielberg também dirigiu sucessos como O Resgate do Soldado Ryan, Minority Report, Guerra dos Mundos, Lincoln e mais. Em sua carreira, Spielberg já foi indicado a Melhor Direção nove vezes, levando duas estatuetas - por Schindler e Soldado Ryan.
Este ano, Spielberg está indicado por seu trabalho em Os Fabelmans, filme autobiográfico que foca na sua infância, paixão pelo cinema e a relação de seus pais.
Todd Field, por Tár
Assim como Martin McDonagh, Todd Field é um dos diretores mais aclamados pela Academia, também pela quantidade de longas que já realizou. O diretor americano já lançou três filmes: Entre Quatro Paredes, Pecados Íntimos e Tár, três produções que foram reconhecidas com múltiplas indicações ao Oscar. Field, no entanto, nunca levou uma estatueta para casa.
O cineasta começou sua carreira como ator, entrando no mundo do cinema pelo elenco de A Era do Rádio, filme de 1987 de Woody Allen. Além de papeis em diversas produções televisivas, o Field ator também tem créditos em Twister e De Olhos Bem Fechados, o último filme de Stanley Kubrick.
Em 2001, Field se aventurou em sua primeira direção no cinema, com o filme Entre Quatro Paredes, uma adaptação de um conto de Andre Dubus com Sissy Spacek e Tom Wilkinson que recebeu cinco indicações da Academia. Seu segundo filme, Pecados Íntimos, é também uma adaptação, do livro homônimo de Tom Perrotta, e fez de Kate Winslet a atriz mais jovem a ser indicada a cinco Oscars em sua carreira.
Em 2023 Field lançou, então, o seu primeiro longa-metragem que não é baseado em obras literárias. Tár é um filme original escrito pelo próprio diretor, e recebeu 6 indicações da Academia este ano: Melhor Filme; Atriz (Cate Blanchett); Direção; Roteiro Original; Fotografia e Edição.
Ruben Östlund, por Triângulo da Tristeza
Conhecido por seu humor sombrio e seus longas de tom satírico, o diretor sueco Ruben Östlund dirigiu e produziu diversos curtas até lançar o seu primeiro longa. Mas foi em 2014, com seu terceiro longa, que Östlund passou a ser nome reconhecido ao redor do mundo. Força Maior levou o prêmio do júri em Cannes, ganhou uma adaptação teatral, foi indicado ao Globo de Ouro e ganhou até remake americano. O longa chegou a emplacar a shortlist de indicados ao Oscar, mas ficou de fora da lista final. O vídeo de reação de Östlund ao ouvir a lista e se ver de fora da categoria na Academia chamou atenção na época.
Seu filme seguinte, The Square - A Arte da Discórdia, honrou seu título e se tornou divisivo na crítica, mas rendeu só sucessos em premiações: The Square marcou a estreia de Östlund no Oscar, com uma indicação por Melhor Filme Internacional, e ainda levou a Palma de Ouro em Cannes. Completando a tríade, seu filme seguinte é o indicado da vez: Triângulo da Tristeza, uma sátira sem escrúpulos da classe alta e suas hipocrisias, também levou a Palma de Ouro (fazendo com que Östlund seja premiado três vezes seguidas em Cannes) e desta vez é um forte concorrente na categoria do Oscar.