Filmes

Entrevista

Pantera Negra | “Meu medo era ser o branco chato”, diz Martin Freeman

Estrela da trilogia O Hobbit, o ator inglês peneirou humor para construir a figura do agente Ross

07.02.2018, às 18H56.
Atualizada em 15.02.2018, ÀS 12H28

Um dos coadjuvantes mais importantes do elenco de Pantera Negra, que estreia no dia 15, é o agente Everett K. Ross, um operativo da CIA que tenta impedir o roubo de vibranium, o metal mais poderoso do universo Marvel. Sob os terninhos sempre alinhados de Ross, todos combinando com seu jeito janotinha de ser, há um hobbit, aliás O hobbit Bilbo Bolseiro em pessoa e tamanho de gente grande: o inglês Martin Freeman, de 46 anos. No set de filmagem do primeiro longa-metragem da Marvel em 2018, dizia-se, de modo jocoso, que a especialidade dele é colecionar franquias pop. Afinal de contas, Freeman fez O Guia do Mochileiro das Galáxias (2005), passeou pela Terra-Média de J. R. R. Tolkien sob a direção de Peter Jackson e ainda é o Dr. Watson da série Sherlock, da BBC.

Divulgação/Marvel

“O mais curioso é que eu nunca fiz o perfil nerd. O meu medo no projeto do Pantera Negra era de ser o branco chato em meio a tantos personagens negros tão legais. Eu sou a cota da leveza neste filme que tem uma carga política de representatividade racial muito forte e rica”, disse Freeman num papo durante a visita do Omelete aos sets da aventura estrelada por Chadwick Boseman (Get on Up: A História de James Brown), em Atlanta, nos EUA.

Sob o comando do diretor Ryan Coogler (Creed - Nascido para Lutar), que assina também o roteiro, as câmeras do filme se concentraram nos estúdios da Screen Gems, uma subsidiária de grandes corporações cinematográficas, então a serviço da Disney. O papo inicial se deu numa mesa de cerca de dois metros e meio de comprimento, lotada de jornalistas de países distintos, num salão que servia de entrada para os escritórios do departamento de arte (lotado de desenhos de locação e de fotos de aeronaves, minas de vibranium e montes com estátuas gigantes) e do departamento de figurino. Nesses setores foi feita a concepção plástica da nação chamada Wakanda. Ross não sabe muito sobre as tradições de lá no filme.

“Wakanda talvez seja a pátria mais tecnológica de todo o universo Marvel, mas é uma pátria muito fechada em si mesma, para se proteger, com muitos segredos a esconder em suas terras, o que atrai a atenção da CIA. Mas um cara como Ross, que não chega a ser uma figura cômica nos quadrinhos, entra ali como um peixe fora d’água, sem muito a acrescentar em prol do Rei T’Challa e sem poder delegar tarefas a seus subalternos”, disse Freeman, que participa de cenas de ação de crucial, salvando a vida de entes queridos da aristocracia de Wakanda.

O clima de espionagem que se mistura ao tônus de aventura do filme justifica a presença de Ross em cena. Criado em julho de 1966, nas páginas da HQ Fantastic Four nº 52, Pantera Negra, o primeiro super-herói negro dos quadrinhos, ganha o protagonismo de uma trama que se equilibra entre Wakanda e a Coreia do Sul, palco de uma cena de ação, antecipada já no trailer, idealizada para eletrizar plateias como nunca se viu nos filmes Marvel até agora. No enredo filmado por Coogler, a tarefa de T’Challa é manter sua nação coesa, após a dor que se instalou por lá após a morte de seu pai, o antigo rei, numa articulação do Barão Zemo. Mas o interesse de Klaue nas reservas de vibranium abalará a paz de T’Challa. Este precisa ainda deter a vaidade de um conterrâneo vingativo, Erik Killmonger (Michael B. Jordan, ator-assinatura de Coogler, que quase rouba o filme pra si). Ross entra nesse balaio tentando audar o rei a proteger seu país.

“Ryan é um diretor muito entusiasmado, que nunca manda você repetir uma cena a menos que queria algo muito específico... um detalhe... O set dele é bem divertido pela agilidade e pela possibilidade de apresentar um universo novo, como é o dos quadrinhos Marvel, a um sujeito como eu”, diz Freeman, que está filmando a comédia Ode to Joy, com Morena Baccarin. “Eu tento me divertir com o clima de fantasia à minha volta. Gosto muito dessa estratégia da Marvel de criar sagas e usar cenas extras nos créditos para antecipar seus próximos passos nas telas. Em Sherlock, não se pode antecipar nada. Tudo é segredo. O que talvez seja... elementar...”.

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