O ator, comediante e roteirista Paul Reubens, mais conhecido por criar o popular personagem infantil Pee-Wee Herman, morreu aos 70 anos.
A notícia foi confirmada pela família no Instagram, citando que Reubens enfrentou um câncer nos últimos anos de sua vida, sem nunca falar publicamente sobre a doença.
O comunicado ainda incluiu aspas deixadas pelo próprio ator: "Por favor, aceitem minhas desculpas por não falar em público sobre o que enfrentei nos últimos seis anos. Eu sempre senti uma quantidade enorme de amor e respeito vinda dos meus fãs, amigos e apoiadores. Eu os amei muito e me diverti muito fazendo arte para vocês."
Nascido no interior de Nova York, em uma família judia, Reubens criou interesse pelo mundo do entretenimento assistindo a espetáculos de circo e reprises de I Love Lucy na televisão. Nos anos 1970, começou a se apresentar em clubes de comédia e se juntou à renomada trupe de improviso The Groundlings, que deu o impulso para sua carreira.
O personagem Pee-Wee Herman surgiu originalmente como uma atração de comédia mais adulta, começando com um espetáculo de teatro que viajou por todos os EUA entre 1981 e 1984. O sucesso levou a um contrato com a Warner Bros., que originou o filme As Grandes Aventuras de Pee-Wee (1985), dirigido por um então desconhedido Tim Burton.
O longa, por sua vez, abriu caminho para a série infantil Pee-Wee's Playhouse, que ficou no ar entre 1986 e 1991. Com aventuras frequentemente psicodélicas, inspiradas na paixão de Reubens pelo circo, a produção provou o potencial do personagem para atrair públicos de todas as idades - e venceu 15 Emmys pelo caminho.
O segundo longa de Reubens no papel foi Pee-Wee: Meu Filme Circense (1988). No auge de sua popularidade, a marca Pee-Wee Herman, explorada em uma variedade de produtos (brinquedos, roupas, alimentos e muito mais), rendia US$ 25 milhões por ano ao seu criador.
Em 1991, no entanto, Reubens foi preso em Sarasota, na Flórida, por se masturbar dentro de um cinema pornográfico. Ele se declarou culpado e foi condenado a 75 horas de serviço comunitário, que ele cumpriu em parte com a produção de duas propagandas antidrogas para a televisão.
A essa altura, Pee-Wee's Playhouse já havia sido cancelada, e o ator decidiu deixar o personagem de lado por um tempo e tirar um sabático da indústria do entretenimento.
Nesse período, Reubens aceitou apenas papéis pequenos em filmes escolhidos a dedo, como Buffy - A Caça-Vampiros (1992, como o familiar Amilyn), Batman - O Retorno (1992, como o pai do Pinguim) e Matilda (1996, como o agente do FBI Bob). Sua performance em Profissão de Risco (2001) foi elogiada pela crítica, e seu trabalho como convidado na sitcom Murphy Brown foi indicado para um Emmy.
Em 2002, a vida particular do ator ficou novamente sob os holofotes quando sua coleção de pornografia e artes eróticas antigas foi apreendida pela polícia. A presença ou ausência de imagens envolvendo menores de idade na coleção foi discutida por meses na imprensa e nos tribunais, mas no fim das contas a acusação de pornografia infantil contra Reubens foi retirada pelos promotores.
Ele foi enquadrado, no entanto, em uma lei menos severa de obscenidade. Por anos, o comediante foi obrigado a reportar seu endereço para as autoridades, e proibido de permanecer na companhia de menores de idade sem supervisão ou permissão dos guardiões legais.
"Uma coisa eu quero deixar muito clara: não quero que ninguém pense, nem por um segundo, que me sinto excitado por imagens de crianças. Não me sinto. Você pode dizer muitas coisas sobre mim. O púbico pode achar que eu sou estranho, louco, ou qualquer outra coisa, está tudo bem. Desde que não ache que eu sou um pedófilo, porque isso não é verdade", comentou ele à NBC News na época.
Os anos seguintes da carreira de Reubens foram compostos por aparições esporádicas na TV, em séries como 30 Rock, Pushing Daisies, Gotham e What We Do in the Shadows. Em 2016, a Netflix bancou e lançou um terceiro e último filme de Pee-Wee Herman, batizado de Pee-Wee's Big Holiday.
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