Pinóquio de del Toro é comovente, inspirador e dá nova vida a clássico

Créditos da imagem: Netflix/Divulgação

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Pinóquio de del Toro é comovente, inspirador e dá nova vida a clássico

Produzido em stop-motion, primeiro filme de animação do diretor levou quase 14 anos para ser concluído

Omelete
3 min de leitura
08.11.2022, às 11H39.

Guillermo del Toro está de volta às telonas com seu primeiro filme de animação. Após A Forma da Água, de 2017, vencedor de quatro estatuetas do Oscar, incluindo Melhor Direção, o cineasta mexicano estreou sua própria versão de Pinóquio, um projeto de stop-motion que levou quase 14 anos para ser concluído.

O Omelete teve a oportunidade de ver o longa-metragem duas vezes: a primeira em uma exibição de imprensa e a segunda durante a première mundial com elenco e convidados, ambas como parte da 66ª edição do Festival de Cinema de Londres.

E foi um verdadeiro deleite entrar nesse universo sentada a poucos metros do autor de sucessos de fantasia como O Labirinto do Fauno, que anunciou no palco a morte de sua mãe, Guadalupe del Toro, um dia antes da estreia. “Essa não é a primeira vez que você verá o filme, é a primeira vez que ela verá o filme conosco. Obrigado”, disse o cineasta, visivelmente emocionado, em meio a aplausos da plateia.

Para quem está acostumado com o clássico de Carlo Collodi ou as produções da Disney, o Pinóquio de del Toro é muito mais obscuro e se passa na Itália fascista de Benito Mussolini. Na trama, Gepeto (David Bradley) tem uma existência feliz com seu filho Carlo, de 10 anos, até que um bombardeio na cidade acaba matando o menino. Devastado, o carpinteiro faz um boneco de madeira, que é magicamente trazido à vida pela Fada Azul (Tilda Swinton) para preencher o vazio em seu coração.

A marionete, cujo nariz cresce quando mente, gosta de questionar tudo, incluindo o motivo pelo qual não pode fazer certas coisas, como ir à igreja com seu pai. Sua curiosidade acaba levando a momentos de desobediência e, muitas vezes, arranca risos do público, principalmente nas cenas com o Grilo Falante (Ewan McGregor), que se dá mal em várias situações em seu trabalho de ser a consciência de Pinóquio e ajudá-lo a ser um bom garoto.

Por mais rebelde e travesso que possa ser, todos acabam aprendendo com o protagonista ao longo de sua jornada, enquanto ele mesmo tenta entender os sentimentos dos humanos, levando à seguinte reflexão: Realmente precisamos sempre concordar com tudo e a norma vigente, ou devemos ser ousados, questionar comportamentos e mudar o status quo?

Conforme dito por Guillermo del Toro em entrevista ao Omelete e outros jornalistas antes da première, Pinóquio é um filme biográfico sobre a paternidade, abordando o tema do luto e o que faríamos de diferente caso tivéssemos uma segunda chance com as pessoas que amamos. “Alguém disse que escolha é negação. Quando você escolhe uma coisa, você nega outra. E, para mim, escolher fazer o filme, sabendo o que ele envolve, significa muito… Acho que há uma bela simetria no final”, contou ele.

E realmente há. Inspirador, comovente e sincero, Pinóquio reconhece que a vida é um presente precioso e nos alerta que não devemos dar nada como garantido. Trata-se de uma das maiores obras de Guillermo del Toro, após mais de 30 anos de carreira. Não é à toa que o público aplaudiu e ovacionou a produção de pé no Royal Festival Hall, em Londres.

Contando ainda com Christoph Waltz, Cate Blanchett, Ron Perlman no elenco, o filme estreia nos cinemas do Brasil no dia 24 de novembro, antes de chegar à Netflix em 9 de dezembro.

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