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Entrevista

Predadores: Omelete Entrevista Adrien Brody

Ator fala do tanto que malhou para encarar os Predadores, compara com o original e imita Schwazenegger

20.07.2010, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H05

Quando imagino quem deveria ser o protagonista de um filme de ação, com certeza não penso em Adrien Brody. Afinal, o cara ganhou o Oscar por sua fenomenal interpretação de Wladyslaw Szpilman em O Pianista, de Roman Polanski, e tem se mantido ocupado trabalhando com Wes Anderson e Rian Johnson nestes últimos anos. Mas é exatamente por isso que ele é uma escolha sensacional do diretor Nimród Antal para Predadores, já que se sabe das suas enormes qualidades como ator e ele foi muito pouco exposto aos filmes de ação. Em Predadores, Brody interpreta Royce, um dos assassinos que os Predadores trouxeram para virar caça em sua selva.

Em dezembro, durante uma visita ao set, pudemos conversar com Adrien Brody e falar sobre a produção do filme, como ele se preparou para o papel, as imitações de Schwarzenegger e muito mais. Veja abaixo como foi:

Predadores

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Predadores

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Predadores

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Me disseram que você teve que malhar bastante para este filme. É verdade ou não?

Sim, muito. (risos) Sim, se eu não tivesse feito isso, sabe... Eu tenho uma grande responsabilidade ao fazer isso.

Você pode falar um pouco sobre isso? Digo, todos comentam sobre ter que malhar para determinados papéis. Esse foi um dos papéis que fez você sentir que precisava malhar?

Bem, olha. Estamos fazendo um filme muito diferente, mas sempre haverá alguma expectativa, especialmente porque Schwarzenegger fez o Predador original e teve toda uma construção corporal. É muito diferente. Sabe, eu não estou tentando fazer nada disso. Eu sinto que, em qualquer papel que eu faça, é importante olhar para o projeto, especialmente em um filme como esse, em que há aspectos da interpretação que precisam estar presentes, e acho que isso depende do equilíbrio do ator. O que estou tentando criar é um visual autêntico para ele, mas também este é um filme de ação e você tem que se ligar no visual. E a coisa mais importante para mim, mais do que estar malhado e ser um cara fortão, é colocar, tanto no visual quanto no que me faz humano, como eu me sinto. Para se sentir forte o suficiente que me conduza a uma condição na qual este tipo de cara estaria presente. Estou mais pesado do que em meu último papel. Eu como o dia inteiro (risos). Eu malho e isto faz parte do processo. Não é a única coisa, mas eu acho que definitivamente é uma parte importante.

Fico um pouco surpreso, mesmo você dizendo tudo isso. Você ficou surpreso de ter sido convidado para este papel?

Hum, não. Eu sou um ator, e eu acho que se te dão a oportunidade e você faz aquilo bem, se você faz bem o seu trabalho, é difícil as pessoas não identificarem você no papel interpretado. Mas eu sou muito maleável e isto é um sonho para mim. Digo, eu venho interpretar um papel desta natureza para ter um personagem heróico em um filme como esse. E eu tenho a habilidade de interpretar um forte ser humano que também é heróico, mas que necessariamente não é do modelo que Hollywood criou, e se encaixa no meu tipo. E terem me dado essa oportunidade agora é uma grande honra para mim e eu amo esses filmes. Quando eu era garoto, eu amava o Predador. Quando eu fui ver este filme, eu e meus amigos ficamos loucos por ele. É engraçado. Então, meu objetivo é trazer um pouco de autenticidade que eu possa proporcionar através de meu trabalho, mas ao mesmo tempo, seja agradável e traga diversão e empolgação. Mas não, eu não estou surpreso. Sempre é muito difícil para mim conseguir uma comédia. As pessoas pensam que eu sou muito sério. Em parte, não só por conta dos papéis que fiz, mas quando tive que fazer O Pianista e participar da sua divulgação, que serviu para introduzir meu trabalho para as pessoas que não me conheciam de trabalhos anteriores. Aquela foi minha apresentação para o mundo. E os tópicos que tive que discutir eram muito sérios. E eu trabalhei de uma forma séria... Mas eu não me levo tão a sério assim. Penso que é a conveniência de falar “Oh, que cara jovem e sério aquela pessoa é.” E aí é impossível parecer diferente. E eu acho que foi surpreendente para as pessoas quando eu fiz filmes como Viagem a Darjeeling e Vigaristas que tinham humor. Sabe, então é muito importante para mim simplesmente encontrar novos desafios e tornar aquilo interessante para mim, e também há pessoas que, espero, queiram ver o meu trabalho e meu envolvimento como ator.

Você pode falar sobre o Royce, seu personagem? Ele parece um cara realmente mau.

Sim, ele é um cara meio malvado. Ele é, hum, Royce é um cara complicado. O principal é tentar não ser complicado. Ele está tentando... Ele é alguém que está fazendo tudo que pode para não ter uma aproximação emocional com as coisas... O oposto de mim. Eu sou uma pessoa muito emotiva e tento ser simpática e eu acho que esta é uma forma interessante de ver o mundo, ir de encontro a uma perspectiva oposta. Mas você sabe que eu acho dentro dele ainda há aspectos típicos de qualquer ser humano. Ele é um sobrevivente e acho que ultimamente, assim como um cientista, há um nível de comprometimento de modo que você coloque a sobrevivência em primeiro lugar. E acho que isto o torna muito apropriado para as circunstâncias em que ele se encontra.

O que você acha que Nimród (Antal, diretor) trouxe para este filme que não havia no original?

Bem, é difícil dizer. Eu não sei que tipo de clima havia quando eles estavam filmando o original. Era uma época diferente, mas eu acho que Nin ele tem muita empolgação. E, sabe, ele está realmente apaixonado por isto. Isto significa muito para ele e eu acho que a empolgação dele ajuda a motivar a todos. Digo, estamos todos muito empolgados. E o visual do filme parece muito com uma pintura de Geiger. O filme é remanescente de Alien, e todos os filmes deste tipo que amo e acho muito legal de ver e comentar. Então, se nós podemos criar um mundo que, sabe, com a ajuda do diretor de arte e do diretor de fotografia, e nosso diretor de fotografia é fenomenal, e quando filmamos as cenas na selva, você não nota nada disso, é uma selva épica. Eu nunca vi nada assim. Eu já viajei muito e o tipo de floresta que estamos faz a cabeça explodir. Então se podemos criar um ambiente e conviver com ele, será uma jornada empolgante, eu acho.

Pode comentar algo sobre as panquecas do Nim?

Eu ganhei algumas com um pouco de geleia em cima (risos). Sim, eu acho que o presente de Natal dele será algumas panquecas com geleia (risos). Ele é um amor. Estou realmente adorando trabalhar com ele.

Sobre ter que lutar com os Predadores, o que isso significa para você e como é filmar estas sequências de ação?

É muito empolgante. É muito foda (risos). Digo, é como sentar com o Predador em um ambiente horrível, o campo no qual estamos filmando. Assim que as coisas são feitas e as coisas estão queimando e ruindo, é um inferno. Eu olho em volta e é... o inferno. É como o inferno é para mim. E eu estou interagindo com o Predador. Você tem ideia do que é isso? É um momento que parece sonho, porque é tão surreal que estou nessa situação com algo que eu cresci vendo, sabe? Tem um grande significado. E ainda entre as cenas ele é como “Você está bem cara, eu te machuquei?” (risos) Ele me assustou e foi muito engraçado conversar com esse monstro de garganta articulada. E o que é bonito é que temos uma coisa muito assustadora para se trabalhar. Às vezes você não tem isso. Eles não tiveram isso de verdade no original. Metade do filme ou dois terços dele eles nem tinham idéia de como o Predador iria se parecer. Eles estavam construindo ainda. Eu acho que isso mudou. Será algo diferente. Você conhece a história toda.

Uma das coisas legais e interessantes sobre os dois primeiros filmes da série, além de toda violência, ação e horror, é que tanto o Predador quanto o herói têm um certo código de honra e respeito pelas habilidades do outro. Isto está de alguma forma presente neste filme e como você lida com isso?

Sim, há um pouco disso. Eu concordo com você que há uma apreciação mútua de ser um mestre lutador. Há uma outra coisa muito maior que eu gostava, mas nós não iremos para esta direção. Mas tem um momento legal. Mas... precisa ter um nível de entendimento, ou essencialmente ser extremamente compreendido. E não é necessariamente arrancar a minha coluna, sabe? (risos). E é isso. Não pode ser como antes e achar que agora estamos bem. Tem que ser muito delicado, e eu tenho meio que negociar a situação. Eu acabei interferindo na situação, mas ele ainda é um Predador e eu ainda sou um ser humano. Não podemos ser colegas. Mas eu acho que isto estará presente. Esta é uma parte muito legal do original.

Bem, obviamente temos os Super Predadores neste filme e há criaturas semelhantes a cachorros. Quanta interação você teve com os cachorros e com o Predador que você disse estar lutando? Com qual dos super Predadores você lutou?

Sim, lutei com eles. Não sei se eu posso falar muito disso, mas eu lutei com eles. E a seqüência dos cachorros foi maravilhosa. Há tipos diferentes de cacofonias neste filme. Tem muita ação acontecendo nesta sequência, mas a batalha entre os Predadores é o mais empolgante. Ainda não filmamos, mas é interessante falar sobre este tipo de coisa. Eu estou ansioso para fazer algumas coisas...

Vocês já filmaram uma semana e meia? Duas?

Sim, algo assim.

Já se machucou muito ou ainda está inteiro?

Eu estou bem. Eu tenho me protegido bem algumas vezes. É engraçado porque o cara que vai me bater e me machucar fala assim “Eu vou te mostrar todos os lugares que vou te machucar”. A coisa vem mapeada. Eu me sinto aliviado.

Será um daqueles projetos ou personagens que vai te deixar triste quando acabar?

Sim. É um filme muito divertido de se fazer, um dos motivos que eu quis participar. Eu pensava que seria realmente divertido. É engraçado se caracterizar para este trabalho e se transportar para outro mundo, para enfrentar tamanho perigo extremo em uma situação tão horrível, que você pode realmente não encarar aquilo, mas você pode experimentar em um certo nível. Quero dizer, King Kong foi algo maravilhoso com duas histórias de criaturas e gorilas gigantes e toda aquela coisa. Eu amei aquilo. Mas nenhum de meus papéis me fez viver aquilo, sabe? Os sentimentos e coisas que você aprendeu sobre você mesmo e os outros, eles sempre ficarão com você em alguma extensão. Você esquece muito. Você esquece vários detalhes, você esquece muito dos desconfortos que vieram com a dificuldade em fazer aquele filme, mas sabe, essas coisas passam, e eu acho que essas coisas me moldaram e de alguma forma me ajudaram a me envolver de certa maneira para o melhor ou para o pior.

Você vai voltar com este personagem?

Hum...

Se a oportunidade aparecer?

Sim. Eu estou envolvido.

Como é trabalhar com Laurence Fishburne?

Fish é maravilhoso. Ele é muito legal. Contando histórias de guerra de Apocalypse Now, é ótimo. Quero dizer, ele trouxe uma energia para o filme de uma maneira intensa, e eu acho que as pessoas vão captar isto, mas eu não acho que isso vai se perder no decorrer do filme. Será divertido. Fizemos uma troca divertida, e você vai ver isso no filme. Espero que eles incluam essa parte, mas algumas escolhas que Fish tem feito me deu a oportunidade de improvisar um pouco. Então vamos ver. Se eles me deixarem interpretar um pouco mais assim, eu vou querer.

É um aspecto interessante, não ter um tom particular por todo o filme, mas também ter um pouco de humor misturado com um pouco de violência. Você pode falar um pouco disso, do tom?

Sim, com certeza. Bem, isto é algo que eu estava tentando aludir mais cedo, que é importante não deixar você ou a piada um pouco falsa, necessariamente, sobrepondo o drama ou qualquer que seja a maneira de contar a história e manter o público atento. Mas ao mesmo tempo, sabe, este estilo ou qualquer coisa que seja, se elas funcionam será muito divertido. Nós todos amamos aquilo que o Schwarzenegger fez, foi realmente divertido. Ninguém poderia falar certas coisas para você se você estivesse preso em uma selva em algum lugar no meio do nada. Veja, eu estou tentando interpretar o Royce desta maneira... Este é o cara com quem eu quero estar se acontecer alguma merda. Ele é o cara. Ele é o cara que faz acontecer. Ele tem uma resposta. Ele tem um nível intelectual maior. Ele faz o que tem que fazer e continua. Mas sem isso, sabe, estamos fazendo Predadores e eu estou constantemente tentando incorporar estas coisas e mais alguns elementos que... Que pode dar algo a se pensar. Eu estou levando muito a sério, mas também tenho senso de humor sobre isso (risos).

Você quer dizer que haverá algum jargão ou dois?

Eu espero que tenha sim. Eu tenho contribuído para isto. Você verá grandes poderes vindos de mim.

Eles escreveram algum jargão ou é tudo improvisado?

Tenho alguns que eu perguntei se podia usar e alguns deles têm funcionado, e bem, ainda temos muito trabalho a fazer. Tem sido muito divertido para mim. Tem algumas coisas que foram roteirizadas que eu acho que podem virar jargão. Será interessante ter alguns, já que você é muito sério e você tem esse tipo de filme com jargões do Schwarzenegger.

Estão todos tentando trazer algo do personagem de Schwarzenegger para o filme?

Todo mundo.

Quem está sendo mais bem sucedido nisso?

Não sei. Estamos todos sendo muito bons aparentemente.

Ninguém se destaca?

Eu tenho feito alguns mas (na voz do Schwarzenegger) “Corram para o helicóptero!”

O filme chegará aos cinemas dos EUA em 7 de julho. No Brasil, em 23 de julho.

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