Depois de ler Clube da Luta, de Chuck Palahniuk, todo em uma única noite, David Fincher decidiu que precisava comandar a adaptação - “Não conseguia parar de rir. Quem não quer ver empresas de cartão de crédito explodindo?”. O cineasta tentou então comprar os direitos do romance, que já estavam com a 20th Century Fox. Coincidentemente, o estúdio buscava alguém para comandar o roteiro do novato Jim Uhls. Antes de chegar em Fincher, porém, a vaga passou pelas mãos de Peter Jackson, que estava ocupado com Os Espíritos; Bryan Singer, que recebeu, mas não chegou a ler o livro; e Danny Boyle, que leu o livro e chegou a se encontrar com o produtor Ross Bell, mas preferiu seguir com outro projeto.
Fincher conseguiu comandar o filme que queria, mas o reconhecimento chegou anos depois, apenas quando o filme foi lançado em DVD. Do êxito também vieram as deturpações da mensagem, como temiam a mídia à época do lançamento e como reclamou Fincher na Comic-Con 2014: “Clube da Luta é sobre a coisa mais perigosa de todas: ideias ”. Uma vez expostas, essas podem ser semeadas, mesmo que o objetivo fosse evitar o seu cultivo. Tyler Durden se tornou o correspondente para os descontentamos do novo milênio assim como Travis Bickle (o personagem de Robert De Niro em Taxi Driver, de 1976) fora uma voz no pós-Guerra do Vietnã. Ao invés de entender o personagem como a consequência extrema de uma crítica social, parte do público assumiu a identidade da transgressão como a necessidade de quebrar as regras que o tornavam infeliz. Tyler não é o vilão, é o herói. Assim nasceram clubes da luta de verdade pelo mundo, formados por tipos variados, de profissionais da indústria de tecnologia a meros adolescentes.
No vídeo acima, revemos ao vivo o clássico, comentando todas as suas contradições e todos os detalhes que o tornam obrigatório para quem ama cinema.