Robert Eggers nos bastidores do filme O Farol

Créditos da imagem: Reprodução/A24/YouTube

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Como começar a assistir Robert Eggers

Com um estilo característico e pouco convencional, diretor se tornou um grande nome do horror na última década

07.05.2020, às 13H10.

Constantemente acusado de estar morrendo, o terror se tornou um dos gêneros mais visitados na última década por cineastas dispostos a brincar com suas convenções e dar uma nova cara ao gênero. É o caso de Robert Eggers, que com apenas dois longa-metragens e três curtas em sua filmografia, já se tornou um grande nome do gênero. Como o diretor chama atenção tanto do público quanto da crítica com seus filmes bizarros e pouco convencionais, reunimos abaixo informações importantes para entender sua obra e como começar a assisti-la.

Quem é Robert Eggers?

Foto do diretor Robert Eggers
Lou Benoist/AFP

Robert Eggers criou interesse pelo cinema muito jovem, quando assistiu ao relançamento de clássicos da Disney como Branca de Neve e os Sete Anões e Bambi no cinema, “especialmente por suas partes sombrias”, como recordou o diretor em entrevista ao IndieWire. Sua vontade de trabalhar na indústria apareceu de vez após assistir ao documentário From 'Star Wars' to 'Jedi': The Making of a Saga, que conta os bastidores da criação de Star Wars. Já adulto, ele começou a trabalhar como designer de produção em teatros de Nova York até fazer sua estreia no cinema em 2007, dirigindo o curta Hansel & Gretel, uma versão sombria do conto João e Maria fortemente inspirada no expressionismo alemão.

No ano seguinte, Eggers dirigiu o curta The Tell-Tale Heart, adaptação do conto O Coração Delator, de Edgar Allan Poe. Seguindo carreira como designer de produção em curtas, documentários e séries de TV, o cineasta retornaria a direção apenas em 2014, com Brothers, curta que conta a difícil relação entre irmãos que vivem isolados em uma cabana na floresta. Cheia de tensão e poucas explicações, a produção foi fundamental para o financiamento de seu primeiro longa-metragem. No ano seguinte, Robert Eggers faria sua estreia no comando de um longa com A Bruxa, filme que fez sua carreira decolar de vez.

Contando uma história ambientada no interior da Inglaterra no século XVII, A Bruxa causou polêmica, foi aclamada pela crítica e dividiu o público graças ao seu tom. Mais interessada em criar uma atmosfera aterrorizante do que em entregar sustos constantes, a produção fez bonito em festivais de horror, premiado nas categorias de melhor filme e melhor diretor. Pouco após o sucesso do filme, surgiram rumores de que Eggers seria o diretor de um remake do clássico Nosferatu. Ainda que o cineasta tenha trabalhado nele por anos, o projeto ainda não saiu do papel. Seu segundo longa-metragem foi O Farol, filme protagonizado por Robert Pattinson e Willem Dafoe que recebeu uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Fotografia. Entre seus próximos projetos estão The Northman, descrito como uma “saga de vingança viking ambientada na Islândia na virada do século X”, e uma minissérie inspirada na vida de Rasputin.

Seu estilo e influências

Montagem com os cartezes de Nosferatu, O Iluminado, Cidade dos Sonhos e Mary Poppins

Robert Eggers começou carreira no cinema de horror arrancando elogios da crítica e dividindo o público pela mesma razão: sua abordagem foge do que se estabeleceu como convencional no gênero. Seu estilo, que foi apresentado em A Bruxa e expandido e O Farol, está mais interessado em construir uma atmosfera aterrorizante, que mantém o espectador na ponta da cadeira do que entregar sustos fáceis. Em ambos os filmes, o cineasta utiliza de cenários como uma cabana na floresta e um farol, para criar um desconforto crescente que culmina em um clímax arrebatador. Flertando com temas como horror cósmico e fervor religioso, o cineasta estabelece mitologias que fazem grande uso de símbolos que convidam o público a desvendar seus segredos.

Dentre suas principais influências, Robert Eggers cita os clássicos Nosferatu, de F.W. Murnau e O Iluminado de Stanley Kubrick, filme que cita como estudo sobre como manter a tensão durante toda a história. Longas como Häxan - A Feitiçaria Através dos Tempos, Gritos e Sussurros e Possessão de Andrzej Żuławski estão entre seus favoritos no horror. Fora do gênero, sua grande referência é David Lynch, cineasta responsável por alguns de seus longas favoritos como Veludo Azul, Estrada Perdida e Cidade dos Sonhos. Eggers cita ainda algumas referências “inusitadas” como O Grande Lebowski, Mary Poppins e Star Wars.

3 filmes para começar a ver Robert Eggers

Montagem com cenas dos filmes Brothers, A Bruxa e O Farol

Com uma filmografia atualmente composta por dois longas-metragens e três curtas, Robert Eggers é um cineasta extremamente fácil de se começar. Além de estar em uma etapa inicial de sua carreira voltada ao horror fortemente focado na ambientação, sua obra é um convite para aqueles que já se cansaram de filmes que tentam aterrorizar apenas com jump scares baratos:

  • Brothers

Em 2014, Robert Eggers encontrou dificuldade para conseguir financiamento para A Bruxa, seu primeiro longa-metragem. Como forma de provar que conseguiria contar uma história assustadora ambientada em uma floresta, ele escreveu e dirigiu o curta Brothers. O filme acompanha a conflituosa relação entre Tom (Ethan Sailor) e seu irmão Jake (Griffin Fox Smith), que vivem em uma cabana na floresta com sua avó.

Com aproximadamente 10 minutos, a produção serve como um cartão de visita para o estilo de Eggers, que constrói a tensão com uma constante sensação de que algo ruim está prestes a acontecer. Com uma fotografia dedicada a enfatizar o isolamento da dupla, o curta fez bem à carreira do diretor, que conseguiu não apenas fundos para a produção de A Bruxa, mas também a confiança de que era capaz de fazê-lo.

Onde assistir? Disponível de graça no Vimeo.

  • A Bruxa

A Bruxa se tornou um dos filmes de terror mais comentados nos últimos anos. Ambientado na Inglaterra do século XVII, o longa acompanha uma família que se vê obrigada a se isolar em uma cabana na floresta após ser expulsa de suas terras. Em pouco tempo, eventos inexplicáveis começam a acontecer no local que, segundo lendas, é controlado por bruxas.

Com grande foco em criar uma atmosfera aterrorizante, a produção dedica seus 92 minutos em criar uma tensão crescente que aborda folclore e fanatismo religioso em uma trama que a todo momento planta dúvidas sobre a natureza de seus eventos. Dedicado a transportar o espectador para o período retratado através de uma forte ambientação, A Bruxa tem como destaque seu elenco, especialmente Anya Taylor-Joy, que fez sua estreia nos cinemas no papel da protagonista Thomasin.

Onde assistir? Disponível para comprar/alugar no iTunes, Google Play, e Looke.

  • O Farol

Aclamado após seu trabalho em A Bruxa, Robert Eggers voltou aos longa-metragens com O Farol. O filme acompanha Ephraim Winslow (Robert Pattinson), um homem contratado como ajudante de Thomas Wake (Willem Dafoe), homem responsável por cuidar de um farol localizado em uma ilha isolada. Porém, Wake não é um homem fácil de lidar, e a relação entre a dupla começa a desandar rápido, especialmente quando grandes tempestades e eventos sinistros passam a acontecer.

O Farol tem uma clara intenção de levar o espectador para o lugar de seus protagonistas. Desde seu design claustrofóbico, já que o longa foi filmado em preto e branco no formato 4:3, até seus vários mistérios de natureza sobrenatural, o filme flerta com horror cósmico e a paranóia. Com poucas explicações, a produção brinca com a sanidade de seus personagens mesclando eventos chocantes com sequências de sonho e alucinação em uma grande espiral de loucura.

Onde assistir? Disponível para comprar/alugar no iTunes e Looke.

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