A atriz Shelley Duvall, mais conhecida por suas performances em O Iluminado (1980) e Popeye (1980) - um dos sete filmes que fez com seu mentor, o cineasta Robert Altman -, morreu hoje (11) aos 75 anos de idade. Segundo o THR, Duvall morreu durante o sono, por complicações da diebetes.
Duvall foi descoberta por Altman quando ainda estava na universidade, aparecendo como a sedutora Suzanne em Voar é com os Pássaros (1970). Durante a década seguinte, o cineasta a escalou em Onde os Homens São Homens (1971), Renegados Até a Última Rajada (1974), Nashville (1975), Oeste Selvagem (1976), Três Mulheres (1977) e, finalmente, como a Olivia Palito do Popeye de Robin Williams.
Pelo trabalho em Três Mulheres, como a sonhadora Millie, Duvall venceu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes e foi indicada ao BAFTA. Anos depois, em 1988 e 1992, concorreu ao Emmy pelas séries infantis Tall Tales & Legends e Bedtime Stories, das quais também era produtora.
Além das colaborações com Altman, Duvall entregou atuações memoráveis em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), de Woody Allen; Os Bandidos do Tempo (1981), de Terry Gilliam; Frankenweenie (1984), de Tim Burton; Roxanne (1987), com Steve Martin; Retratos de uma Mulher (1996), de Jane Campion; e na sequência infanto-juvenil Gasparzinho e Wendy (1998).
A sua performance como Wendy, a mulher atormentada de Jack Torrance (Jack Nicholson) em O Iluminado, marcou época - mas também virou assunto delicado com o passar dos anos. Sua indicação ao Framboesa de Ouro de pior atriz coadjuvante foi rescindida em 2002, com a organização do "prêmio" citando que os métodos de Stanley Kubrick no set impactaram a atuação de Duvall, e que portanto não era justo criticá-la.
Durante os anos que se seguiram a O Iluminado, a atriz falou repetidamente sobre os métodos "torturantes" do cineasta, que chegou a pedir que ela repetisse um take angustiante 127 vezes no mesmo dia. "Ele queria que eu ficasse chorando diante da câmera por 12 horas todos os dias. Eu nunca vou dar tanto assim a um projeto. Se você quer explorar a sua dor e chamar isso de arte, vá adiante - mas não comigo", declarou em 1981.
"Depois de um tempo, o seu corpo se rebela e diz: 'Pare de fazer isso comigo. Eu não quero chorar todos os dias'. Às vezes, só levantar da cama me fazia chorar. Acordar na segunda-feira de manhã e pensar que eu teria que chorar o dia todo, porque isso estava na agenda. Eu dizia para mim mesma que não ia conseguir, mas acabei fazendo. Não sei como. Não sei como, e Jack também não sabia. Ele me disse isso: 'Não sei como você faz'", completou.
Duvall acabou se afastando de Hollywood no final dos anos 1990, voltando a morar no seu Texas (EUA) natal. Em 2016, ela apareceu no programa de auditório Dr. Phil falando de sua luta contra distúrbios mentais - nos anos seguintes, se recuperou e até voltou a atuação, com o terror independente The Forest Hills (2022).
A atriz deixa o seu parceiro desde 1989, o músico Dan Gilroy, e três irmãos.