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Speed Racer - O que esperar do filme a partir de uma breve análise do roteiro

Novo dos Irmãos Wachowski tem uma tarefa difícil pela frente...

24.09.2007, às 00H00.

O Omelete leu a primeira versão do roteiro de Speed Racer, de Larry e Andy Wachowski (Matrix), filme que atualmente passa pela pós-produção.

Com 163 páginas, é muito pouco provável que o texto tenha sido aproveitado na íntegra pelos cineastas, já que o filme deve procurar censura livre nos cinemas e pretende agradar o público infantil, ou familiar, para o qual Hollywood normalmente busca durações mais palatáveis (90 ou 100 minutos). Assim, imaginamos que pelo menos umas 60 páginas desse roteiro tenham sido cortadas na versão final do longa - ou estão sendo deixadas no chão da sala de edição. De qualquer maneira, o texto merece uma análise geral, que você confere agora.

Antes de mais nada, ler um roteiro dos Wachowski é uma experiência altamente recomendada. A dupla tem uma estilo muito diferente da maioria. Não parecem interessados em descrever ângulos de câmera ou explicar demais cenas de ação no papel. É como se o suporte não fizesse justiça ao que eles estão imaginando. Certamente, storyboards ou mesmo animatics (animações 3D em baixa resolução) devem acompanhar o roteiro. Larry e Andy preferem concentrar-se em diálogos e em descrições curtas dos eventos.

Mas antes de entrar em detalhes do filme, vale lembrar que os irmãos optaram pela execução de Speed Racer como seu próximo projeto depois de verem a gorda bilheteria de Garfield - e de se decepcionaram com a arrecadação de V de Vingança, que eles produziram. Assim, discutiram com o produtor Joel Silver a adaptação do mangá e animê.

Mas os fãs dos cineastas - e do quadrinho e animação - podem ficar tranqüilos. Apesar de dedicados a um filme para todas as idades, os Wachowski não sacrificaram seu estilo pessoal ou as qualidades pelas quais a série sessentista é lembrada. Speed Racer não é Herbie - Meu fusca turbinado. Longe disso.

O primeiro ato do filme, por exemplo, estabelece o tom de toda a aventura com um vai-e-vem frenético entre passado e presente para determinar a relação entre Speed Racer (Emile Hirsch) e seu irmão Rex Racer (Matthew Fox). Dentre as diversas cenas que se alternam há a primeira corrida do longa, uma na qual Speed tenta quebrar o recorde do circuito - não por acaso, estabelecido por Rex, que inexplicavelmente passou de querido da mídia ao corredor mais sujo de todos os tempos - e morreu numa corrida há vários anos. O segmento também apresenta todos os demais personagens principais, Pops (John Goodman), Mamãe (Susan Sarandon), Gorducho (Paulie Litt), Trixie (Christina Ricci), Zequinha (um chimpanzé de verdade)... e tem uma arrepiante conclusão, que explica sem palavras como Speed se sente em relação ao irmão.

Na trama, ambientada num cenário fantástico - com carros futuristas e cidades que misturam arte e tecnologia - Speed desponta como um dos melhores corredores de sua categoria, atraindo o interesse de um grande conglomerado industrial - que controla a melhor equipe de corridas e os maiores campeões. Mas os Racer prezam sua independência, o que causa o ódio de um empresário inescrupuloso, que controla as corridas. Agora, para salvar o negócio da família - e levar o industrialista sujo à justiça -, Speed terá que enfrentar uma das mais perigosas corridas off-road do planeta - a mesma que vitimou seu irmão Rex...

O roteiro parece um tanto elaborado para um filme infantil. Fala de corrupção esportiva, investigações corporativas, golpes na bolsa de valores, honra familiar... mas alterna tudo isso com as divertidas estripulias de Gorducho e seu macaco, momentos carinhosos entre Speed e Trixie e as empolgantes corridas. Busca atrativos para todos os públicos, portanto. Mas resta saber se a estrutura pouco convencional para um filme-família, baseada num desenho com 40 anos de idade (!), com um elenco principal composto basicamente de atores egressos do cinema independente - Emile Hirsch, o Speed, por exemplo, vem de filmes como Meninos de Deus e Os Reis de Dogtown e não tem qualquer apelo ao público infantil - conseguirá atrair as multidões interessadas nas piadas fáceis e no roteiro pré-digerido de um Garfield.

A aposta é arriscada, mas os fãs certamente sairão satisfeitíssimos do cinema. Basta esperar pela cena em que o Match 5 é "turbinado" e recebe os botões clássicos de "A" a "H" que executam suas funções especiais, que deve levar lágrimas aos olhos dos saudosistas.

A estréia mundial acontece em 9 de maio de 2008.

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