Neal Kirby, filho do quadrinista Jack Kirby, usou o Twitter para responder ao lançamento do documentário Stan Lee no Disney+. No filme, segundo Neal, o ícone da Marvel toma crédito por criações que não foram suas - e, mais uma vez, minimiza o trabalho de Jack Kirby na criação de personagens emblemáticos da editora.
"Não é nenhum grande segredo que sempre houve controvérsias sobre quem desempenhou qual papel na criação e no sucesso de personagens da Marvel. Stan Lee teve a sorte de ter o acesso ao megafone da mídia, e usou isso para criar um mito sobre a criação do panteão da Marvel. Ele fez de si mesmo a voz da Marvel. Por muitos anos, ele foi o único homem creditado com isso, e - como foi abençoado com uma longa vida - o último homem creditado com isso", escreveu ele.
"É geralmente aceito que o conhecimento de Stan Lee sobre história, mitologia e ciência era bem limitado. Por outro lado, o conhecimento de meu pai sobre esses assuntos, como eu e muitos outros podemos atestar, essa extensivo. Einstein já dizia: 'Quanto mais conhecimento, menos ego. Quando mais ego, menos conhecimento'", continuou.
My father Neal Kirby (Jack Kirby’s son) has asked me to post this written statement in response to the Stan Lee documentary released yesterday on Disney+. pic.twitter.com/V4be2xyEJg
— Jillian Kirby (Granddaughter of Jack Kirby) (@Kirby4Heroes) June 17, 2023
Neal ainda apontou que Lee é creditado como cocriador da maioria dos personagens da Marvel que estrearam nas revistas entre 1960 e 1966 - com a exceção do Surfista Prateado, creditado apenas a Jack Kirby.
"Deveríamos assumir que ele realmente teve um papel na criação de todos esses personagens? Nunca houve um cocriador que entrou no escritório de Lee e disse: 'Stan, tenho uma grande ideia'? Segundo Lee, tudo foi sempre ideia dele. No documentário, ele passa muito tempo falando da criação do Quarteto Fantástico, com apenas uma referência passageira ao meu pai", disse ainda.
O filho do quadrinista seguiu relatando que Kirby baseou Quarteto Fantástico em um quadrinho anterior que havia criado para a DC, intitulado Challengers of the Unknown, com Ben Grimm sendo inspirado em seu pai Benjamin, e Sue Storm em sua filha Susan.
"Lee teve décadas de publicidade inconteste - muito desse tempo, claro, com o apoio da Marvel, que experimentou um aumento de popularidade em sua marca junto com a de Lee. Todo esse trabalho culminou em suas participações especiais em 35 filmes inspirados em personagens dos quadrinhos, cimentando o seu status como o criador de todas as coisas da Marvel na cabeça de milhões de pessoas que não conheciam a história verdadeira", continuou.
"Enquanto isso, a primeira vez que meu pai recebeu crédito por uma de suas criações no cinema foi no final de Homem de Ferro, em 2008, com seu nome aparecendo depois de Lee, Don Heck e Lassy Lieber. A batalha pelos direitos autorais existe na humanidade desde os tempos da Babilônia. É importante que, ao menos nesse capítulo específico da história da arte, acertemos os pontos com a realidade", finalizou.
Stan Lee está disponível para streaming no Disney+.