A patrulha anticomunista do Macartismo, movimento de perseguição política nos EUA nas décadas de 1940 e 50, já foi retratada no cinema algumas vezes. Afinal, a indústria dos filmes, devido ao seu notório poder de influência, foi um dos setores mais afetados pela chamada Caça às Bruxas, e Hollywood ainda se ressente desse período negro.
Em Trumbo, Jay Roach deixa de lado as comédias pelas quais é conhecido, como Austin Powers e Entrando Numa Fria, e realiza um drama sério e elegante sobre a era. No centro das atenções está Dalton Trumbo, figura emblemática do cinema na época e roteirista premiado de filmes como A Princesa e o Plebeu, Spartacus e Exodus. Membro do partido comunista, Trumbo se recusou a testemunhar perante a comissão parlamentar de inquérito que investigava a "ameaça vermelha" na indústria, o que colocou-o na cadeia e, depois, numa lista negra que o impedia de conseguir trabalho.
Bryan Cranston, de Breaking Bad, vive o escritor que pagou um alto preço pelas convicções políticas e sua própria consciência. É o melhor trabalho do ator nas telonas até hoje e Cranston aproveita cada segundo dele, entregando os diálogos afiados do roteiro de John McNamara com inspiração. O retratado, afinal, falava com a eloquência que escrevia e seu intérprete valoriza isso, marcando cada frase.
Roach contou ainda com outros nomes de presença no elenco, como Diane Lane, Elle Fanning, John Goodman, Louis CK e Helen Mirren, que também engrandecem a produção esmerada, com reconstruções de época precisas.
Desde Boa Noite, Boa Sorte a Caça às Bruxas não era lembrada com tal qualidade no cinema. Jay Roach pode ter feito comédias memoráveis, mas se depender de Trumbo, deve experimentar uma guinada interessante - e que merece ser acompanhada - em sua carreira.
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País: EUA
Classificação: LIVRE
Duração: 124 min
