Daniel Kwan está de olho nas discussões cinéfilas que são travadas no Twitter. Em coletiva acompanhada pelo Omelete, o diretor de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo confessou que o filme foi em parte inspirado pelo debate recorrente sobre a dominação de blockbusters, especialmente os de super-heróis, nos multiplexes ao redor do mundo. Como o próprio Kwan admite, a indústria de Hollywood parecia (e ainda parece) dividida.
“[Existem] os flmes ‘importantes’, dramáticos, que ganham consideração nas premiações; e os grandes blockbusters que dominam as salas comerciais de cinema. Muitas pessoas discutem, especialmente no Twitter, os méritos de um tipo de filme contra os méritos de outro - mas eu amo as duas coisas!”, diz ele. “Adoro um bom filme de ação, mas também aprecio muito os filmes pessoais que nem sempre encontram uma grande audiência”.
Ao lado do parceiro criativo Daniel Scheinert, portanto, o cineasta procurou combinar esses dois tipos de cinema, frequentemente vistos como antitéticos. “Não consigo nem acreditar que funcionou! Fico feliz que tantas pessoas tenham ido assistir ao filme na tela grande, e tenham podido ter uma experiência emocional e catártica na sala de cinema, o que é algo que a geração mais jovem nem sempre consegue experimentar”, comenta.
“Acima de qualquer coisa, nós queríamos fazer um filme que entretesse, que nós mesmos quiséssemos assistir”, garante Scheinert. “Mas, conforme fomos escrevendo, ele foi se tornando mais e mais pessoal. Às vezes, até ficamos meio envergonhados do quão emocionais eram as cenas, nos perguntamos se era coisa demais para um filme de kung fu. No fim das contas, escrevemos um filme sobre família que se tornou realmente sobre família quando os atores chegaram e se derramaram inteiramente nesses personagens, na missão de torná-los reais”.
O diretor ainda se maravilha com o fato de que, “no papel, Tudo em Todo o Lugar não soa como um filme de sucesso internacional”. “Fizemos justamente o contrário de tentar apelar para um público universal: esta é uma história contada de forma muito específica, com três línguas diferentes, centrada em uma comunidade de imigrantes única”, enumera. “É aquele velho clichê de descobrir verdades universais dentro de histórias específicas. Nós só perseguimos emoções honestas e reais, e chegamos a um lugar no qual as pessoas, mesmo que não sejam sino-americanas, podem se identificar com os personagens”.
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo está disponível para streaming pelo NOW, e para compra e aluguel em plataformas como Amazon, Google Play e iTunes.