A ideia de que um filme de Turma da Mônica pode dar medo é inusitada - principalmente depois dos dois lançamentos live-actions do universo, Lições e Laços, recheados de doçura. Mas Turma da Mônica Jovem é uma franquia absolutamente distinta, algo que ficou bem claro para o público geral no lançamento do trailer de Reflexos do Medo. Para quem passeou pelas gravações, como essa que lhes fala, isso já estava visível na atmosfera da produção. Instaurada no Museu do Ipiranga, a escola da turma era de “gente grande”. Muros pichados, vegetações fechadas, filmagens noturnas: tudo isso contribuiu para um clima de suspense, que deve marcar o produto final.
No que era o último dia de filmagens, o Omelete teve a oportunidade de conferir os bastidores da produção e a celebração do término de trabalhos, além de conversar com o elenco e o diretor Mauricio Eça enquanto integrantes da equipe corriam para lá e para cá tentando deixar tudo pronto para o último dia. No meio dessa correria - e sob uma atmosfera de escola misteriosa com figurinos bem curiosos passando ao fundo - Eça começou a conversa já tirando da frente toda e qualquer comparação com os recentes live-actions:
"São universos diferentes. A única coisa em comum é que a Mônica é a Mônica ali e aqui. Mas é diferente, uma Mônica que representa uma criança de oito anos, de uma Mônica que tá no ensino médio [...] é outra linguagem”.
Ao conversar com o Cebola e o Cascão - Xande Valois e Theo Salomão, respectivamente - foi perceptível a influência dos recentes projetos live-action em seus trabalhos. Os dois falam sobre personagens diferentes, mas em uma mesma base: “Mesmo que seja um universo diferente, muitas características que o Kevin [Vecchiato, o Cebolinha dos live-actions clássicos] atribuiu ao Cebolinha eu vi, assisti e estou tentando atribuir pro Cebola também”. Os dois, no entanto, mencionam uma pesquisa completa, isto é, o estudo da performance do elenco clássico está inserido em um pacote que inclui os gibis, as HQs e até a animação da HBO Max.
Mesmo assim, segundo Eça, a inspiração principal é retirada dos gibis, uma decisão que passa por um universo não só mais crescido como mais fantasioso, um que permite que a Turma passeie por diversos gêneros: “As revistas têm várias coisas mais fantásticas, mais futuristas, com tecnologia”, explicou Eça sobre o direcionamento do projeto. “A gente buscou ter um pouco disso, um pouco de suspense, um pouco de uma coisa sobrenatural”. A influência maior fora do universo da MSP, citada por Eça mas mantida em mistério pelos membros do elenco, é Stranger Things.
Para Valois e Salomão, a referência à tal série da Netflix era o grande mistério de Reflexos do Medo, um que se recusaram a revelar quando questionados sobre inspirações: “Melhor não, melhor não!”, diziam, com receio do embargo da reportagem (que já caiu, só para deixar claro). O que eles revelaram, no entanto, é o clima de mistério. Vai dar medo? “Vai sim”, disse o jovem Cebola. “Não é aquele jumpscare, tipo, ai meu Deus”, complementou Salomão. “Não é um terror, é um suspense. Mas acho que é um filme muito completo, é pra fazer rir, chorar, ter medo”, concluiu Valois.
Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo estreia em janeiro de 2024.