Quem diria? Depois de uma série de fracassos, Ben Affleck conseguiu reerguer-se.
Depois de Hollywoodland (2006), pelo qual foi escolhido o melhor ator no Festival de Veneza, ele volta a mostrar em Um cara quase perfeito (Man about town, 2006) que seu talento aflora quando é bem dirigido. Mérito do roteirista, ator e diretor Mike Binder (da finada sitcom Fantasias de homem casado e do filme A outra face da raiva), que - conhecedor do ofício - sabe como extrair o melhor de seu elenco.
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Affleck vive no filme o empresário de talentos Jack Giamoro, sujeito que tem tudo: uma carreira de sucesso, seu próprio escritório, muito dinheiro, uma casa enorme e uma esposa lindíssima, Nina (Rebecca Romijn, a Mística de X-Men). Mesmo assim, ele inexplicavelmente sente que lhe falta algo e começa a frequentar um curso de auto-ajuda. Nas aulas, ministradas pelo excêntrico professor Mr. Primkin (John Cleese), ele aprende a fazer diários, registrando seus sentimentos, memórias e, claro, segredos.
Conforme Jack começa suas anotações, iniciam-se os problemas. Ele descobre que está sendo traído, sua casa é arrombada e o diário, roubado. Pior... o livro acaba nas mãos de uma jornalista vulgar, que pretende destruí-lo por conta de um rancor passado.
A premissa é batida... filmes de superação, encontro da própria identidade e a jornada para retomar o controle de sua própria vida saem semanalmente nos multiplexes. Mas este se torna diferente da massa ao entregar a ação aos atores, dependendo menos das piadas e mais das atuações. E o talentoso elenco, que inclui também os ótimos Adam Goldberg, Bai Ling, Gina Gershon, Kall Penn e o próprio Binder, não decepciona, comparece e cuida para que o longa, uma mistura de drama, comédia e romance, não caia na mesmice da grande maioria de seus antecessores.
Colabora também o bom texto. Há algumas passagens bastante divertidas, como a reencenação de Instinto Selvagem, a cena das artes marciais ou a gag visual do resultado da visita de Jack ao dentista. No equilíbrio entre esses elementos, Um cara quase perfeito entretém sem abusar da inteligência do público.