É difícil acreditar que Urso do Pó Branco, novo filme da diretora Elizabeth Banks, é baseado em fatos. No entanto, em 1985, um urso de 80kg realmente teve uma overdose de cocaína depois de encontrar um carregamento descartado acidentalmente em uma floresta no estado da Geórgia, nos Estados Unidos. Quer dizer, o longa não poderia ter um título mais autoexplicativo. Mesmo assim, como o primeiro trailer não deixa negar (assista acima), esta está longe de ser uma história que preza por se manter fiel aos mínimos detalhes. Até porque, passado o choque com a premissa, Banks e o roteirista Jimmy Warden (A Babá: Rainha da Morte) decidiram discutir com Urso do Pó Branco uma tese mais sentimental do que o contexto da guerra às drogas sugere.
“Não dá para perceber ainda pelos teasers, mas o filme é sobre paternidade”, revelou a diretora em entrevista exclusiva ao Omelete. “É realmente o tema que permeia tudo. É sobre pessoas protegendo seus ‘filhotes', se você quiser, e isso inclui nosso urso do pó branco. E é interessante ver todo mundo lidando com a bagagem emocional relacionada aos seus filhos”.
É claro que, se tratando de uma comédia de ação com ares de besteirol, talvez essa jornada dramática não seja o primeiro grande atrativo do filme para o público. Banks mesmo admite que o que chamou sua atenção no roteiro foi o absurdo de toda a situação. “É um grande estudo de personagem. Obviamente o urso é a estrela, mas senti muita empatia por ele. Quando li a história, pensei: ‘meu Deus, não acredito que um urso aleatório na floresta se tornou um dano colateral da guerra às drogas nos Estados Unidos. Parece até injusto. Senti que era quase como A Vingança do Urso, o Filme”.
Por isso, mesmo tendo estudado profundamente o caso real do infame traficante Andrew Thornton — afinal, ela também não conhecia a história antes de se envolver com o projeto —, Banks aproveitou a premissa naturalmente insana para viajar e criar a partir dela o tipo de filme que mais te agrada. E isso não significa apenas investir no lado cômico das situações, embora garanta que, sim, rolou muito improviso no seu set.
“Senti que os personagens saltavam da página. Acontece muita coisa com todo mundo. E era empolgante para mim a ideia de que poderia contar essa história a partir de muitos pontos de vista, trazê-los todos para um mesmo lugar e acompanhar o quão inaptos estão para lidar com um urso chapado de cocaína. Gosto de servir a várias linhas narrativas. Como cineasta, gosto de convidar o máximo de perspectivas distintas para o filme”.
E quando ela diz “várias linhas narrativas”, ela não está exagerando. Urso do Pó Branco conta com um elenco extenso e estelar, com nomes como Ray Liotta, Keri Russell, Alden Ehrenreich, Margo Martindale, O'Shea Jackson Jr. e Jesse Tyler Ferguson, para citar só alguns. Mas nenhuma dessas histórias seria possível sem o urso. Por razões óbvias, o personagem-título foi criado com computação gráfica pela WETA Digital, com o auxílio de um boneco e de um ator equipado com próteses para ficar do tamanho de um urso.
“Tínhamos no set uma cabeça de urso com pele para ver como a luz interagia com ele e descobrir como enquadrá-lo, mas também o incrível intérprete Allan Henry, que veio da Nova Zelândia”, explicou. “Ele treinou com Andy Serkis e trabalhou nos filmes do Planeta dos Macacos, então ele entendia muito bem como se mover como um quadrúpede. E como precisávamos fazer stunts, ele precisava interagir com o nosso elenco e jogar as pessoas por aí. Quer dizer, ele foi essencial para todo o processo. Você obviamente não o vê no filme, mas sinto sua presença em todas as cenas com o urso”.
Os fãs poderão conferir todo o absurdo e o coração dessa comédia em breve nos cinemas: Urso do Pó Branco está previsto para março de 2023.
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