Buscando repetir o sucesso de "Vai que Dá certo", que levou mais de 2 milhões de brasileiros aos cinemas, a sequência do longa que retrata o bromance de jovens adultos (com o espírito "adolescente irresponsável' pairando no ar) perde a mão ao querer misturar comédia e ação sem ter um roteiro dinâmico e versátil para isso.
Na trama, que retorna com todo o elenco original (com a exceção de Gregório Duvivier, um dos trunfos do primeiro filme), os personagens seguem em crise por conta do dinheiro, levando a vida com dificuldades. Amaral (Fabio Porchat) e Tonico (Felipe Abib) moram juntos e continuam com suas nerdices de videogame, enquanto Rodrigo (Danton Mello) e Jaqueline (Natália Lage) aparecem casados, morando com o avô (Lucio Mauro).
O golpe da vez acontece quando Amaral descobre uma sex tape da prima de Rodrigo com Eloi (Vladimir Brichta), um sujeito que está prestes a casar para dar o golpe do baú em uma senhora. Com a fita em mãos, eles percebem que podem fazer muito dinheiro com pessoas que querem acabar com o casamento do golpista, incluindo dois policiais corruptos que querem chantageá-lo.
A partir daí, a história se desenrola desencontrada. Com um alto ganho de orçamento diante do primeiro filme, temos bons momentos de ação, com perseguições de carros e tiroteio, mas a comédia se perde entre um vai e volta de cenas que parece que foi feito somente para inserir as piadas.
Apesar das falhas de roteiro, a química entre o elenco é inegável. Lúcio Mauro aparece desta vez como um fio condutor da zoeira e o carisma dos atores faz com que criemos simpatia pelos trambiqueiros. Fabio Porchat (que também é o roteirista) continua a criar situações em que os personagens citam a cultura pop e nerd, trazendo identificação para um público que não é exatamente o das comédias brasileiras, aquele acostumado a rir do escracho e das piadas físicas.
A ambição de criar um longa maior e mais elaborado atrapalhou a sequência de "Vai que dá certo", pois se no primeiro conseguimos dar boas risadas com o nosso representante nacional dos filmes de Judd Apatow (Superbad, O Virgem de 40 anos, etc), aqui só vemos uma tentativa falha de expandir a comédia para um território que a sequencia não dominou. A montagem e fotografia similares a linguagem da TV mostram que a equipe buscou um desafio muito maior que suas "próprias pernas". Com o perdão do trocadilho, desta vez, algo não deu certo.
Ano: 2015
País: Brasil