Vai Que Dá Certo 2 | Danton Mello diz que não tem medo de ser rotulado por comédias

Primeiro candidato nacional ao posto de blockbuster em 2016, Vai Que Dá Certo 2, lançado nesta quinta-feira, confirma uma tendência que vem transformando Danton Mello num sinônimo de cinemas lotados: com experiências como galã de novelas, apresentador de programa ecológico e dublador de Leonardo DiCaprio em seu currículo, o ator mineiro de 40 anos se reinventou pelas vias da comédia. Nos últimos quatro anos, sua recorrência no gênero mais popular do país, tanto na telona quanto na TV - onde regressa no dia 17 de janeiro na terceira temporada do humorístico Tá No Ar! - ampliou sua popularidade e repaginou uma carreira de três décadas a serviço da arte de atuar. 

• Tudo o que você vai ver nos cinemas em 2016

“Eu não me sinto um comediante e sim alguém que está aprendendo a fazer graça observando quem faz isso bem”, confessa Danton, mineiro de Passos, criado em São Paulo, que estrelou sucessos do humor como O Consurso, visto por 1,3 milhão de pagantes em 2013, e participou no ano passado de dois longas talhados pelo riso, Superpai e A Esperança é a Última Que Morre, ambos bem prestigiados (juntos, somaram cerca de meio milhão de pagantes). “Quando eu contraceno com o Fábio Porchat, por exemplo, como é o caso de Vai Que Dá Certo, a graça está nele. O meu trabalho é só levantar a bola bem, lá no alto, para ele cortar bonito. A cada comédia, e tem me aparecido muitas nos últimos anos, a minha contribuição é injetar um pouco de dramaticidade nas histórias e passar emoção. Não tenho medo de rótulos: se eu vou ficar marcado ou não por comédias, isso não é uma preocupação. Não tenho medo. Tenho é uma sensação eterna de ser um iniciante a cada trabalho que faço. E tenho muito respeito pelos autores”.

Essa tese de Danton pode ser confirmada no perfil de líder de seu personagem na franquia dirigida por Maurício Farias, cujo primeiro longa-metragem vendeu 2.735.000 ingressos em 2013, surpreendendo exibidores. Ele retorna ao papel do loser Rodrigo, um músico de uma classe média na pindaíba de São Paulo que sabota todas as suas perspectivas de amadurecer na convivência com os amigos Tonico (Felipe Abib), Amaral (Fábio Porchat) e Danilo (Lúcio Mauro Filho). No longa anterior, eles sumiam com um carro-forte. Agora, somem com uma bolada em dinheiro pertencente a um criminoso, Elói (Vladimir Brichta), amante da prima de Rodrigo, Simone (Verônica Debom). E Elói fará de tudo para reaver o que é isso. Mas o personagem de Danton, mesmo destituído de sorte, é uma máquina de boas ideias, capaz de tudo para resguardar a pele de seus companheiros.

“Os personagens amadureceram de um filme para o outro e, nessa mudança, com a idade, Rodrigo sabe o quanto é importante preservar tudo o que conquistou”, diz o ator, irmão mais moço de Selton Mello, a quem vê como referência. “Ele sempre me incentiva a dirigir e a produzir”.

Ídolo jovem nos anos 1990, quando encarnou o bom moço Héricles na season one de Malhação, Danton começou a atuar aos 5 anos em comerciais. Estreou em novelas aos 10, em A Gata Comeu (1985), como promessa mirim. Dois anos depois, começou a dublar, tendo emprestado a voz para cults como Os Goonies, no qual fazia a versão brasileira de Bocão (Corey Feldman). Fora isso, atuou em sucessos da nossa teledramaturgia como Vale Tudo (1988) e Hilda Furacão (1998) e chegou a interpretar protagonistas em folhetins como Sinhá Moça (2006), ao lado de Débora Falabella. No cinema, seu longa de maior prestígio entre os críticos foi Benjamim (2003), thriller da baiana Monique Gardenberg, cujo papel dividia com Paulo José. Mas se a conversa for sobre cifras, Vai Que Dá Certo é seu filme número 1. E espera-se igual resultado desta parte dois, com alta voltagem de tensão, sem descalibrar a gargalhada.

“Às vezes, eu me sinto um ator da velha geração, não só porque já atuo há mais de 30 anos, mas porque aprendi com os grandes – Renata Sorrah, Antônio Fagundes, Osmar Prado – a ter muita disciplina, a ser pontual. Mesmo agora no Tá no Ar!, eu aprendo muito com colegas como o Marcius Melhem, o Adnet, o Márcio Vito e o Welder Rodrigues. Atuo de olho neles. Vou pro set até nervoso. Mas, chegando lá eu me jogo”, conta Danton, que estuda viver um período sabático em 2016, para ficar mais próximo das filhas, Luísa, de 14 anos, e Alice, de 12, que hoje moram na Califórnia. “Família é o que há de mais forte pra mim. Quero estar com elas, perto delas, vê-las crescer. Mas se rolar uma quarta temporada de Tá no Ar!, e torço para que role, aí eu volto”.