Visitar um estúdio de animação é descobrir como um truque de mágica é feito. O que antes parecia simples, revela-se uma tarefa árdua, construída por inúmeras peças cuidadosamente arranjadas. Cada um dos departamentos - roteiro, criação de personagem, criação de ambientes, desenvolvimento de movimento, criação de textura, entre outros - executa tarefas complexas, que não podem sair do controle. Uma mudança em um setor desencadeia uma série de transformações no projeto. Um erro e anos de trabalho vão para o lixo. Resumindo: é muito difícil dar vida à imaginação.
Quando o Omelete visitou o Walt Disney Animation Studio, em Burbank (Califórnia), descobriu todas as etapas envolvendo a criação de Zootopia: Essa Cidade é o Bicho, das constantes mudanças da história ao desenvolvimento de novas ferramentas e personagens. O galpão que abrigava a equipe (localizado próximo ao Aeroporto Bob Hope enquanto o prédio fundado por Walt Disney é reformado) tinha um centro recreativo, com mesas de pingue-pongue, sabres de luz e muita comida. Ao redor, salas escuras, divididas por pequenas baias, iluminadas por monitores, abrigam os artistas. Cada um com sua pequena e intricada tarefa para tornar possível o filme sobre um universo dominado por mamíferos.
A seguir, listamos algumas curiosidades sobre a produção dirigida por Byron Howard, Rich Moore e Jared Bush, que já está em exibição nos cinemas brasileiros:
Foi John Lasseter, chefe criativo do estúdio, quem sugeriu que a escala entre os animais fosse mantida. Assim, a cidade tem espaços que atendem a todos, como uma banca de jornal em "três andares", que serve girafas, raposas e roedores, além de bairros específicos, como a Pequena Rodentia, abrigo dos roedores de pequeno porte.
Inicialmente, Nick Wild seria o protagonista, com a raposa em fuga por um crime que não cometeu. A equipe, porém, percebeu que dadas as características do mundo que estavam criando, seria mais interessante centrar a história em Judy Hopps, a idealista coelha policial, com um olhar ingênuo que vai amadurecendo ao longo da trama.
Além do foco do filme ter mudado, algumas cenas do longa foram cuidadosamente lapidadas, ganhando diversas versões. O trecho em que Judy chega triste em casa depois do seu primeiro dia de trabalho, por exemplo, foi modificado diversas vezes até que tom correto fosse encontrado. Os roteiristas trabalham com uma ferramenta que permite a criação de storyboards animados, planejando a sequência por completo, dos enquadramentos aos diálogos (gravados primeiramente por alguém da equipe).
Os animadores visitaram o Quênia para ver de perto os movimentos dos animais, estudando também a coloração de pelos e outras características. Cada espécie demorou duas semanas para ficar pronta.
No total, mais de 800 mil animais estão espalhados por Zootopia.
Foram necessários nove meses para desenvolver a tecnologia de simulação de vento do filme. O grande desafio era que cada tipo de pelo reagisse de forma diferente ao estímulo.
As girafas foram as recordistas de pelo, com mais de 2 milhões espalhados pelo corpo.
Outro desafio foi descobrir como as roupas se comportariam sobre diferentes animais (com pelo, sem pelo, grandes, pequenos, proporcionais, desproporcionais, etc.).
Nem todas as ferramentas, porém, precisam ser desenvolvidas do zero, com a pesquisa desenvolvida para a Neve de Frozen sendo aplicada nos ambientes frios de Zootopia.
Para tornar o mundo de Zootopia crível, também foi preciso desenvolver produtos, veículos, moradias e outros elementos do dia a dia para os diferentes tipos de animais. Até a forma como cada espécie seguraria uma colher ou um smartphone precisou ser debatida.
