Há uma confusão de sentimentos quando se trata desta temporada final de Game of Thrones. Por um lado, são apenas seis episódios e a cada domingo os fãs esperam empolgados por acontecimentos grandiosos. Por outro, o seriado se despede após oito anos e precisa dar momentos para que seus personagens deem um último adeus aos fãs. Estes foram os dois maiores sentimentos neste segundo episódio da temporada final. Se muitos consideraram o capítulo de abertura fraco por não mostrar nada além de reencontros, o segundo também pode decepcionar, mas, apesar disso, há vários momentos importantes para aqueles que estão dispostos a olhar até uma segunda camada.
Começando por Daenerys, logo no começo do episódio ela interroga Jaime Lannister, o homem que matou o seu pai há muitas décadas. Ela se coloca em uma posição de grande autoridade - afinal é a rainha - mas no fim das contas sua opinião conta pouco para o assunto. São Jon e, acima de tudo, Sansa, que decidem que o regicida pode continuar no local para lutar contra os mortos. A cena causa incômodo nos fãs de longa data da Mãe dos Dragões. Se quando conquistou Meereen e Yunkai, Daenerys fez sua voz ser ouvida, no Norte ela tem uma posição quase figurativa.
É interessante notar como a personagem não sabe lidar com isso. Quando chegou em Westeros, Daenerys esperava conseguir o Trono de Ferro imediatamente. Ela sofreu derrotas na sétima temporada, mas na época sua atitude foi montar em Drogon e atacar o exército Lannister com todas as suas forças. Dany nem sempre tomou as melhores decisões, mas sempre se posicionou firme frente aos seus erros. Só que agora, no Norte, tanto sua força bélica, quando sua presença como rainha parecem não contar muito. O diálogo entre a personagem e Sansa é muito interessante exatamente por ressaltar isso. A esperada sororidade entre as mulheres entra em pauta e existe ali, mas Sansa deixa claro que o Norte não quer mais se curvar e esse é um obstáculo que Daenerys jamais poderia prever: a rebeldia de um reino cujo comandante é o homem que ela ama. Não é como se ela pudesse apenas atacar Winterfell com seus dragões e fazer todos se curvarem. É preciso encontrar outros caminhos, que até agora não estão claros.
Há outro ponto interessante na cena, quando Dany diz claramente que se desviou de seus planos para lutar por Jon. Quase parafraseando os fãs da série, ela deixa claro que se deixou influenciar e colocou seu objetivo principal em segundo plano. É exatamente por isso que o romance entre Daenerys e Jon Snow parece tão estranho aos olhos de tantas pessoas. A relação dos dois foi criada rapidamente e Dany, até então certa de seus objetivos, se transformou em outra personagem. Ela perdeu seu espaço de autoridade ao se unir a Jon Snow e isso pode ter um custo ainda maior do que a perda do dragão Viserion. Como se tudo isso não fosse motivo suficiente para deixar a personagem vulnerável, ela finalmente descobre a identidade de Jon Snow. Embora muitos possam julgar o fato de ela temer pelo Trono de Ferro em um primeiro momento, é preciso ressaltar mais uma vez: esse foi o objetivo de Daenerys durante toda a sua vida. Sem isso, o que será dela? Qual espaço ela vai ocupar nesse novo mundo? Qualquer que seja o desfecho da série, é realmente uma pena acompanhar o enfraquecimento tão rápido de uma personagem tão querida e poderosa.
Daenerys segue sem rumo no Norte
Além dos ânimos acirrados em relação a isso, o episódio construiu aos poucos relações que dão pistas de quem pode não sobreviver à grandiosa batalha prometida para o próximo episódio. Brienne e Jaime têm um momento fofo, em que ela é nomeada como Sor Brienne por ele. O título cai muito bem para a cavaleira de Tarth, que claramente não gostava de ser chamada de Lady. A cena termina em um riso sincero de Gwendoline Christie, mas deixa claro que há algo a mais: Jaime e Brienne podem não sobreviver. O mesmo acontece no diálogo entre os Mormont, quando Lyanna diz ao primo Jorah que vai lutar, e na chegada de Sam com a espada de aço valiriano de sua família. A despedida emocionante e a frase de que “nós vemos quando tudo isso acabar” são prenúncios de que essas conversas não vão acontecer, exatamente como quando Ned prometeu a um inocente Jon Snow que falaria mais sobre a mãe dele no próximo encontro dos dois.
Até mesmo a cena entre Arya e Gendry teve este sentimento. Muito comentada pelos fãs nas redes sociais, a sequência ressalta que Arya está sim empolgada para o novo desafio, mas também está com medo e sabe que pode morrer. Há um quê poético entre ter uma Stark e um Baratheon (de sangue) se unindo dessa forma em meio ao caos, mas não será surpresa se a própria Arya morrer no capítulo 3 ou se ela ver a morte de Gendry com os próprios olhos. Todos esses pequenos momentos são interessantes porque misturam esperança e despedidas. Vários personagens tiveram momentos únicos de descobertas e alegrias aqui, e essas foram suas cartas de adeus aos fãs que os acompanharam durante tantos anos. O que fica para o próximo, provavelmente, são mortes com honra e sacrifício.
O terceiro capítulo já tinha sido confirmado anteriormente como a Batalha de Winterfell, uma sequência que demorou 11 semanas para ficar pronta e promete mudar para sempre os rumos de Westeros. Se os dois primeiros episódios foram uma grande introdução do que está por vir, o tempo de espera acabou e a próxima semana será de grandes emoções ao som de “Jenny of Oldstones”.
A temporada final de Game of Thrones é transmitida aos domingos pela HBO, às 22h. Os novos episódios também são disponibilizados semanalmente no serviço de streaming HBO Go.