Na contra-mão das tendências de 4K, superprocessamento e realidade virtual, a Nintendo aposta na casualidade com seu Switch. Mas não o faz sem inovação. A estratégia lembra o lançamento do Wii, sucesso absurdo de vendas da empresa. Lá atrás a novidade era o controle reativo a movimentos. Agora, o "game em qualquer lugar".

O Nintendo Switch é leve, inteligente em suas conexões e design e divertido. A transição entre o dock e as mãos do corpo do console - um tablet - e os encaixes dos joy-cons (metades controladoras que podem ser usadas individualmente) nas laterais dele e no corpo plástico do controle é intuitiva, assim como a interface. É um portátil para quem espera mais dos seus jogos do que um celular permite e leva os games menos a sério do que um Xbox One, um PS4 ou especialmente um PC podem atender.

Com os exclusivos que a Nintendo tem em casa há o fator nostálgico também, que agrada em cheio quem cresceu agarrado aos consoles da empresa. E The Legend of Zelda: Breath of the Wild é o início perfeito para esses títulos. 

O game coloca Link em um mundo aberto vasto e cheio de segredos. Mas ainda que isso seja uma novidade para a série - a chance de realmente não ser linear - as mecânicas não acrescentam muito ao gênero do RPG exploratório. Há algumas boas surpresas ocultas, mas nada que empurre esse estilo adiante. O foco é mesmo em uma história simples - tradição da série - e um sem-fim de momentos clássicos. A nostalgia prevalece sobre a inovação, pelo menos durante as primeiras horas do longuíssimo jogo.

Com esse ótimo título de lançamento e uma ideia clara de seu destino enquanto produto, o Nintendo Switch é um aparelho promissor. Se os estúdios investirem no console e a empresa lançar aplicativos para ele, facilitando seu uso como um tablet de verdade, por exemplo, essa novidade pode ser o grande console casual e familiar que o mercado não via desde o Wii. 

Um lançamento inspirado e alinhado com o ensejo de formar mais jogadores, sem esquecer dos fãs da empresa, o Nintendo Switch chega também para lembrar que o caminho mais óbvio da tendência não é o único e sempre há espaço para ideias. O mundo dos games é aberto, afinal, e o chefe derradeiro não é só um, mas os milhões de consumidores dessa mídia empolgante que são os jogos.