Muitas vezes, um bom jogo faz você se sentir dentro dele e, por consequência, dá a todo jogador aquela vontade de querer estar no local onde ocorre a ação. Mas e se isso fosse possível? A Activision colocou essa "vontade" à prova durante a Call of Duty XP, transportando uma fase do jogo para a realidade.

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Uma das principais - e mais concorridas - atrações do evento dedicado a Call of Duty foi uma recriação de Nuketown, o popular mapa introduzido no primeiro Black Ops, como um campo de paintball, com direito à famosa plaquinha de boas-vindas, ônibus plantado no meio do cenário e uma torreta controlada pelo Twitch.

A adaptação realizada pela Activision simplificou um pouco o cenário, mas sua estrutura geral era basicamente a mesma do videogame: um campo com duas casas, cujos quintais servem de ponto de partida para cada time, com um círculo onde ficavam os carros. Por lá, ficava também um mastro com duas bandeiras, uma para cada time - o objetivo é chegar até lá e erguê-la. O caminho contava com várias tábuas e trincheiras para proteger os jogadores.

Antes mesmo de entrar, havia toda uma preparação em clima militaresco para a partida. Ambos os times vestiam roupas e coletes de camuflagem. Os instrutores falavam como sargentos para os participantes e havia até mesmo um pequeno vídeo que "resumia a missão" (as regras da partida) para os jogadores.

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A Nuketown da COD XP 2016, vista de fora

Real x virtual

Assim que o apito soou na Nuketown da vida real, uma diferença óbvia entre a partida do videogame e a partida de paintball se mostrou clara: as pessoas se arriscavam muito menos na hora de ganhar terreno até a bandeira, seja pela precaução de não querer tomar um tiro, seja pelo condicionamento físico que, por melhor que seja, não se iguala ao fôlego infinito de um soldado virtual.

Havia três rotas possíveis até a bandeira: uma por cada lado da casa e a terceira por dentro, saindo pela "garagem". Usei o caminho do meio, correndo com cautela até chegar em uma proteção de madeira. A visibilidade ali era quase nula, já que o local ficava de frente para o ônibus estacionado no centro do mapa, mas havia mais tábuas para me proteger dos tiros. Segui correndo de uma para outra, onde era necessario ficar agachado. Senti uma bolinha passando de raspão no topo da minha cabeça. Headshot.

Como mandava a regra daquela partida específica, quem fosse atingido precisava levantar as mãos e retornar ao quintal da casa onde começou a partida, onde deveria esperar até a autorização de um juíz para dar "respawn", voltando ä ação. Isso ocorria a cada um minuto.

Do meu lado, um grupo de americanos extremamente empolgados que havia até rasgado o uniforme descartável de camuflagem para fazer torniquetes nos braços ao melhor estilo Rambo já estava cheio de tinta. Enquanto todos voltaram para a mesma área onde tomei o tiro na cabeça, decidi fazer o caminho inverso e seguir pelo outro lado da casa.

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Por lá, a proteção era quase nula, mas havia bons pontos para interceptar os avanços do time oposto, em uma construção que ficava ao lado do ônibus, entremeada por uma tábua e a célebre placa de boas vindas a Nuketown, ambas garantindo cobertura de corpo inteiro. Ao chegar na tábua, era possível ver os soldados do outro time avançando até uma cobertura similar, próxima à bandeira.

Antes da partida começar, perguntei ao instrutor qual era o alcance da sub-metralhadora fornecida. "Pode ficar tranquilo que vai bem longe", ele me respondeu, apontando para a pressão de ar quase cheia em um cilindro próximo ao punho da arma. Quando um dos oponentes correu até a cobertura do outro lado do campo, resolvi testar. A bala bateu na tábua. Ele revidou.

Com uma série de pipocos estourando a centímetros do meu corpo, a adrenalina subiu. Eram quase cinco minutos de partida e o Sol a pino não perdoava, deixando o visor de proteção do capacete abafado pelo suor. Saindo para fora da cobertura com cautela e rapidez, mirava onde meu oponente estava, atirava - tiros sem mira eram proibidos - e voltava para a cobertura. Ouvia o barulho da tinta estourando na madeira próxima de mim de volta.

Isso se repetiu por segundos que pareceram durar uma eternidade até que, uma hora quando mirei, vi meu famigerado oponente com as mãos para cima, deixando o campo de batalha. Se fui eu o responsável pelo frag, não sei, mas gosto de pensar que sim.

A partida acabou pouco tempo depois. Os americanos do meu time que incorporaram o espírito do Rambo conseguiram erguer a bandeira no centro do campo. Com um (não tão) respeitável placar de um abate e uma morte, deixei a Nuketown da vida real sabendo que é praticamente impossível movimentar-se com a mesma rapidez dos soldados de Call of Duty.