O mundo dos games é machista. Ou melhor, o mundo é machista. Dentro da indústria de jogos isso se acentua por uma série de questões (discutidas aqui), mas a E3 2015 mostrou uma leve mudança de cenário - uma resposta quase natural às crises enfrentadas nos últimos anos. Nos dois primeiros dias de evento, as mulheres tomaram conta de boa parte do show, dentro e fora da tela. Lara Croft, antes uma solitária heroína, ganhou companheiras como Faith (Mirror's Edge: Catalyst), Emily Kaldwin (Dishonored 2), Eve (Assassin's Creed: Syndicate), as jogadoras de FIFA, as protagonistas de Horizon e Beyond Eyes.

Tão importante quanto a presença dessas personagens é o design nada sexual delas - algo que seria super comum há um tempo. Os trailers e as demonstrações feitas não exploram curvas ou um ângulo mais ousado. Em outros casos, como em Fallout, Mass Effect, Halo 5 e Gears of War 4, elas estão entre as opções de personalização; ou seja, sempre é possível jogar como uma mulher - e isso é de suma importância. Incluir essa opção desde o início destrói a visão quadrada e masculina de que esses gêneros são para homens. A nova geração de jogadores precisa se acostumar a isso.

None

Outro bom costume que a E3 2015 trouxe foi o de dar espaço no palco para mulheres envolvidas nas produções. A começar por Bonnie Ross, da 343 Industries, responsável pela maior franquia da história do Xbox, Halo. Ainda na conferência da Microsoft, Sherida Halatoe, desenvolvedora do indie Beyond Eyes, tomou o microfone para falar sobre o game. Isso voltou a acontecer com a Ubisoft, que contratou Angela Basset para ser a voz de Rainbow Six: Siege e colocou Genévieve Forget, gerente de comunidade, para apresentar o conteúdo do título.

None

A Sony foi a única empresa a não colocar uma representante feminina nos holofotes, apesar de anunciar Horizon, franquia da Guerrilla Games que terá uma mulher como protagonista. A EA, por sua vez, envolveu mulheres nos dois melhores momentos de sua apresentação. O primeiro com o já conhecido anúncio de times femininos em FIFA e depois com Sara Janssen, da DICE, falando sobre Mirror's Edge e Star Wars: Battlefront, os dois títulos mais comemorados do início da tarde em Los Angeles.

Um movimento como esse vindo diretamente dos principais nomes da indústria mostra uma nova fase nos games. É o início, é verdade, mas não há como dizer que há mudanças. Ainda existe um longo e talvez eterno caminho a se percorrer até que essas diferenças sejam eliminadas. Por outro lado, podemos ver a E3 2015, que já entrou na história pelos anúncios, se tornar marcante por destruir paradigmas nocivos aos games como um todo.

Leia mais sobre E3 2015