Um dos primeiros passos para tornar uma franquia de entretenimento um sucesso é ter um tema musical reconhecível. Quando decidiu investir em Halo, a Bungie sabia disso como poucas empresas de games. Desde o início da história de Master Chief, a trilha sonora sempre foi algo marcante. O motivo é simples e pouco modesto: a empresa sempre tratou o jogo como algo épico, ainda que no começo ele não fosse.

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Isso se repetiu (e cresceu) nos games seguintes, quando o roteiro de Halo começou a tratar de conflitos intergalácticos maiores e se tornou uma série com escopo grandioso. Com o sucesso de vendas, a trilha sonora da franquia se tornou conhecida do público e de cara foi considerada uma marca registrada para os fãs. A pegada melancólica e quase religiosa das músicas foi algo pensado, feito por um sujeito que hoje já não trabalha mais com Halo, mas que tem seu DNA nas entranhas das aventuras de Master Chief: Martin O'Donnell.

"Uma música antiga"

Diferente de boa parte dos jogos de tiro, Halo não tem a música eletrônica como sua primeira camada na trilha sonora. A série se considera muito mais como uma ficção científica do que um jogo de tiro puro e simples. O'Donnell tenta transmitir isso também nas músicas, onde são percebidas muito mais sinfonias de metais e coros líricos do que batidas sintetizadas artificialmente. Os monges que entoam o canto hoje característico da série foram uma das primeiras adições do compositor, que trabalhou com a Bungie até ela deixar a série. Ouça a trilha do primeiro Halo:

"A música deve ter peso, transmitir algo importante e antigo para Halo". Com essas palvras, o diretor de animação da Bungie, Joseph Staten, consegue definir bem o significado da ambientação alcançada pela trilha de O'Donnell. Nos jogos que sucederam o primeiro Halo, porém, novas facetas do diretor de trilha começaram a aparecer. Por ser um fã confesso de Giorgio Moroder, um dos maiores nomes da disco music mundial, O'Donnell colocou fez uma mudança radical em Halo 2.

Neste game, considerado por muitos o mais importante da franquia, Martin misturou guitarras rasgadas com o tom épico de seus coros e cânticos. O resultado foi um tema que ultrapassa o impacto do primeiro, ficando na mente de boa parte dos jogadores que aproveitaram o multiplayer no primeiro Xbox. Halo 2 tem diversas virtudes e a trilha sonora está entre as principais.

Em Halo 3, ao lado de Michael Salvatori, O'Donnell abraça de vez o ar de ficção científica para fazer a trilha mais dramática da série. O relacionamento cada vez mais próximo de Master Chief e Cortana puxa o tema, que se assemelha às franquias clássicas do cinema e séries de TV. Foram mais de 60 instrumentos em orquestra e 24 pessoas entoando os cnatos gregorianos. O disco da trilha sonora, Halo 3: The Soundtrack, foi um dos mais vendidos da franquia, sendo superado somente pelo seu sucessor. Não por acaso, após este game, a Microsoft começa a investir pesado em produtos multimídia como livros, quadrinhos, séries e filmes.

Os últimos trabalhos de Martin na série foram Halo: Reach e Halo 3: ODST. Nenhum dos dois tem a particularidade ou a grandeza dos outros games, mas Reach carrega consiga uma trilha mais pesada que os demais. Por ser uma introdução à toda história, o game parece ser o mais visceral de todos os títulos - algo intencionalmente proposto por O'Donnell na trilha. E apesar de ter saído da Bungie sem motivos aparentes no meio do desenvolvimento de Destiny, outro jogo da empresa, o compositor se disse aliviado e feliz de parar de trabalhar com Halo.

Uma nova fase, uma nova música

Halo 4 marcou a primeira grande mudança na série. Saem O'Donnell e Salvatori, entram Neil Davidge e Kazuma Jinnouchi. Com essa dupla, Halo nunca foi tão agitado. Davidge colocou uma aceleração na trilha que deu à franquia um tom de ação emergencial mais imponente do que o visto nos jogos anteriores. A pegada eletrônica também voltou, por vezes se sobrepondo aos cânticos clássicos da série. O homem responsável por equilibrar as coisas era Jinnouchi, conhecido por trabalhos com a Konami. Ele conseguiu manter o tom mais épico da trilha, tida como uma das mais distante do DNA da franquia. Ainda assim, o tema "117" é um dos mais queridos dos fãs - ouça:

Por fim, ao jogar Halo 5: Guardians, que tem a trilha feita por Jinnouchi, fica claro que muito do clima dos primeiros jogos voltou. "Queria juntar boa parte do que vimos na primeira trilogia e adicionar os temas mais clássicos que nós não escutamos em Halo 4", disse o compositor à Engagdet. De fato, o tom mais épico está de volta e em dois níveis, perfeitamente diferenciados nas missões de Master Chief e o Agente Locke, novo personagem na série. "Eu queria incluir uma trilha que soasse como uma pergunta: quem é esse cara?", revela Jinnouchi. E ainda que seja possível discernir os temas de cada Spartan, uma certeza paira nas missão de ambos: Halo 5 tem um quê de nostalgia muito bem-vindo pelos fãs.