Havia uma expectativa enorme em cima da PlayStation Meeting deste ano. A Sony usou o mesmo nome do evento no qual o PlayStation 4 foi apresentado, e os rumores circulando aumentaram cada vez mais, ao ponto de que se falava até de Red Dead Redemption dando as caras por lá. Agora, a apresentação passou, o PS4 Slim e o PS4 Pro foram oficializados, e parece que nada mudou.

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Nós podemos falar de forma mais específica do evento, mas o ponto chave da apresentação era descobrir o que diabos era o PlayStation 4 NEO. Desde abril, rumores sobre a versão mais poderosa do console da Sony circulam a internet e as reações sempre eram fortes. As pessoas não ficavam felizes em pensar que seu PS4 já seria ultrapassado por uma nova máquina. Perguntas sobre como seria a geração de consoles daqui pra frente foram a base de diversos artigos e editoriais, e agora que a PlayStation Meeting passou, parece que foi muito barulho para nada.

O PlayStation 4 Pro existe e chega em novembro deste ano por US$ 399, o mesmo preço do lançamento original do console. Ele vai permitir que os jogadores joguem com High Dynamic Range (HDR), vai rodar títulos em resolução 4K, e terá melhorias no hardware. Mas para algo que gerou tanta polêmica, tantos posts furiosos em fóruns e comentários xingando a Sony, ele parece ser um produto totalmente dispensável.

Você só poderá desfrutar totalmente dele com uma tela 4K, algo fora da realidade da maioria dos consumidores - especialmente no Brasil - não haverá jogos exclusivos e o recurso de jogar em HDR será disponibilizado, de graça, em todas as unidades do PS4 por meio de uma atualização de firmware. Sim, seu PS4 original já foi superado por uma máquina nova, mas o temido “fim da geração de consoles como conhecemos” não chegou com o Pro. A forma como você joga no seu dia a dia continua, essencialmente, a mesma.

Como uma máquina, a necessidade e impacto do Pro podem ser debatidas, mas ele representa uma falha de comunicação que tem se tornado cada vez mais aparente na Sony desde a saída de Jack Tretton e ainda mais desde que a empresa se transformou na Sony Interactive Entertainment.

Essa não é a mais a mesma empresa que representou os gamers no lançamento do PS4. Sim, suas conferências da E3 ainda são as que causam mais hype, e ainda há jogos como Horizon Zero Dawn e The Last Guardian vindo aí, mas entre o aumento do preço da PlayStation Plus sem um bom catálogo de jogos e apresentações estranhas como a própria PS Meeting, parece que estamos em 2006, vendo a Sony do PlayStation 3 com cell processor e custando US$ 600 no lançamento.

A principal mudança da Sony quando entramos na geração do PlayStation 4 e do Xbox One foi ver como ela mudou sua atitude. Ela admitiu os erros do PS3, conversou com desenvolvedores e foi direta na sua mensagem: nosso console é para os gamers. A honestidade era tanta, que ela podia tirar onda na cara da adversária e fazer vídeos engraçados sobre sua política com jogos usados. Três anos após o lançamento do console, ela parece estar caminhando, ainda que devagar, para trás, enquanto a Microsoft salta distâncias cada vez maiores e melhora sua imagem a cada dia. A saga do NEO/Pro representa isso com perfeição.

Praticamente toda a reação negativa causada pelo Pro nos últimos seis meses, incluindo o que rolou depois da PlayStation Meeting, poderia ter sido evitada se a Sony tivesse simplesmente dito qual era o propósito da máquina quando os rumores começaram. Era só ter explicado que o foco era num nicho do mercado e que ele estava longe de ser o começo de uma nova geração, e teríamos visto uma história diferente se desenrolando.

Tentar vender o Pro da forma como ele foi vendido durante a apresentação foi um erro. Ele não gerou hype nos consumidores, e julgando pelas demos de jogos que vimos, não parece que os desenvolvedores estão muito animados também - Activision, Ubisoft e EA são parceiros gigantes da Sony, não é surpresa vê-los por lá, e o resto foi praticamente só exclusivo.

Talvez o Pro tenha um lugar no mercado, talvez suas vendas sejam boas e a aposta da Sony dê bons frutos. Mas para que isso aconteça, a empresa não pode voltar a acreditar que as pessoas vão comprar novos produtos apenas porque eles são da linha PlayStation - se isso fosse verdade, o Vita (que é um ótimo portátil, apesar do que falam por aí), teria sido um sucesso.

A batalha da geração não está ganha. Assim como a Sony alcançou a Microsoft no fim da era do PS3 e Xbox 360, o mesmo pode acontecer aqui. Apesar de não ser perfeita, a turma de Phil Spencer e do Xbox One tem tentado melhorar e os resultados estão aparecendo. Essa não é a hora de Andrew House, Shawn Layden e cia. repetirem os erros do passado.

A Sony, pelo legado que seus consoles criaram, está na posição perfeita para ser “a empresa do povo”, a que dá aos fãs de games o que eles querem, mas ela não pode se fechar na sua bolha e acreditar cegamente que sua realidade é a única.