A mistura de dois gêneros um tanto distintos pode parecer estranha à primeira vista, mas Blue Prince consegue fazer um jogo de puzzle se tornar um roguelike de forma fluida e instigante. Distribuído pela Raw Fury, o game é desafiador e combina lógica com dicas espalhadas nas várias salas e estratégia de decisões na hora de prosseguir pelo mapa.
Sua jornada começa quando seu tio rico lhe deixa uma herança misteriosa, mas para conseguí-la, você precisa desbravar sua imensa mansão e encontrar a sala 46. Ele tem algumas regras para essa caça ao tesouro: você não pode trazer nada à mansão, não pode tirar nada dela, não pode dormir dentro dela e, a cada dia, você tem uma quantidade limitada de passos que pode dar, que são gastos ao entrar e sair do quartos. Isso porque a cada dia as configurações dos cômodos mudam e cabe a você decidir qual será o próximo cômodo ao abrir a porta.
A cada dia, cada porta que o jogador abre dá 3 opções de cômodos, com bônus, custos e configuração de portas distintas. A estratégia é conseguir abrir cômodos que não te levem a um caminho sem saída, além de conseguir os quartos que te interessam em cada run. É óbvio que os quartos que mais tem portas costumam dar algum efeito negativo e os que não tem saída possuem objetos valiosos para sua jornada.
Assim, há mais uma camada de estratégia: é preciso coletar gemas, pois alguns cômodos necessitam de gemas para serem abertos, e chaves, já que à medida que se avança na direção norte mais e mais portas estão trancadas. Além disso, há alguns itens que dão bônus específicos e algumas chaves especiais. Não é uma tarefa simples chegar ao quarto 46 e é necessário reunir muitas informações espalhadas pela casa para resolver os diversos enigmas.
Esse é o típico jogo de puzzle que é necessário ter papel e caneta do lado para anotar cada nova descoberta ou então um celular para eventualmente tirar fotos de anotações mais complexas. E o que o jogador extrai de cada run desse roguelike é basicamente isso: conhecimento. Mas Blue Prince também faz pensar fora da caixa - ou, no caso, da mansão - e traz alguns modificadores desbloqueáveis ao longo da jornada, que facilitam cada vez mais o game.
A narrativa é bastante profunda e a história de diversos personagens é contada por cartas, relatórios, diários e até mesmo fotos. As descobertas são envolventes e a cada novo achado o jogador é impelido a continuar, já que as anotações encontradas muitas vezes trazem inspirações para testar novas teorias. E apesar de parecer óbvio o caminho da sua jornada - avançar na direção norte da casa - as coisas não são tão simples assim, e muitas vezes o que achamos que vai trazer respostas, muitas vezes traz mais perguntas.
Para quem for jogar depois de lançado, o conselho é que não veja nenhum tipo de tutorial e nem guia, pois o jogo parece ter o formato de Outer Wilds - mas não tão grandioso - em que a partir do momento que você souber tudo, não tem mais graça e é possível encontrar a sala 46 rapidamente. O foco do jogo é o descobrimento; aprender as diversas mecânicas e combos de quartos que dão efeitos ou desbloqueiam ambientes novos e bônus permanentes.
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Infelizmente, é necessário destacar que o jogo não está em português, deixando o inglês como opção mais viável. Isso com certeza será um fator determinante para o público brasileiro, já que há uma dependência muito grande do idioma para compreender dicas e as diversas histórias do que aconteceu dentro da mansão. Para quem não tem o domínio da língua, é difícil recomendar Blue Prince, pois a quantidade de consultas ao tradutor deixariam o jogo totalmente truncado e muito mais lento. Torcemos para que os desenvolvedores tragam mais opções de idiomas no futuro, pois apesar de ser um jogo simples, com certeza é um puzzle que vale a pena.
Blue Prince é interessante, divertido e com um aprendizado fluido. No começo, pode ser meio difícil entender quais são as informações que é preciso anotar, ou ainda se é realmente necessário anotar. Mas sim, a dica principal é escrever tudo o que puder no início para não fazer viagens desnecessárias a salas já visitadas. É engraçado como a mistura de dois gêneros que parecem tão distintos tenha criado um título tão único e tão agradável de se jogar. Um jogo casual para seu tempo livre e sem estresse; para amantes de puzzles é com certeza uma ótima pedida.
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