Após quatro episódios, Game of Thrones finalmente se aproxima de um desfecho. Agora, diferentemente das partes anteriores, o jogador se despe de preocupações compreensíveis como a demasiada semelhança entre personagens do jogo e dos livros/série, ou a própria falta de criatividade mecânica do game e avança - mesmo que lentamente - na história.

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Depois do terceiro capítulo, o melhor do jogo até agora, seria difícil manter o nível de qualidade narrativa. Ninguém esperava, porém, que “Sons of Winter” decepcionasse ao ser quase tão frio quanto o norte de Westeros, mas também tropeçasse em erros técnicos amadores que prejudicam a experiência do jogador.

O principal motivo para esse desapontamento são as constantes telas de loading nos piores momentos possíveis. Também são inexplicáveis os travamentos de imagem constantes no início do capítulo 4, que, por si só, já seriam um fator para afastar qualquer jogador que preze por um produto bem finalizado.

O problema se ainda torna maior quando essas pausas são feitas no final de cada parte, logo na cena final. Imagine só: você está em um momento dramático, no ápice de cada cena, até que acontece um corte bruto na música, na animação e, novamente, surge a mesma tela preta de loading. Para finalizar o tombo da Telltale Games, isso acontece justamente no final da melhor cena de “Sons of Winter”, deixando o jogador tão boquiaberto com a falta de destreza técnica quanto com a reação gerada pela história.

Aqui, infelizmente, a companhia californiana volta com recursos inesperados e ultrapassados, destoando de seus games anteriores, que juntavam muito melhor a jogabilidade e a narrativa. Novamente, em cenas decisivas para a história, após uma escolha “errada”, você se depara com uma tela vermelha, na qual a frase “Vallar Morghullis” basicamente pode ser traduzida para “Essa decisão que você tomou o levará para um caminho no qual nossos roteiristas não conseguiram pensar. Tente de novo”. Cabe ao jogador tentar de novo, até alcançar o caminho desejado pela Telltale. Os exemplos mais gritantes estão na parte do jantar entre Rodrik e Lorde Whitehill e o último capítulo de Asher Forrester.

Os parágrafos a seguir possuem spoilers de todos os episódios do game lançados até agora. Siga por sua conta e risco!

Apesar dos pesares, felizmente ainda podemos falar sobre a história. Após a chegada de Gryff Whitehill, o segmento de Rodrik Forrester ficou mais interessante. Acuado pela presença do aliado do protetor do Norte, o herdeiro dos Forrester precisa pensar em alguma solução que não acelere a ruína cada vez mais evidente no horizonte de sua casa. Enquanto isso, Mira Forrester continua jogando o jogo dos tronos em Porto Real, em meio à confiança cada vez menor de Margaery Tyrell. Dependendo de sua decisão no capítulo anterior, Garred Tuttle terá de responder por ter matado ou atacado um irmão da Patrulha da Noite. E, finalmente, Asher Forrester se encontra com Daenerys para conhecer a fina linha entre aliança e morte.

Tudo parece bem encaminhado. Seria o momento exato para dar continuidade ao impecável trabalho feito no capítulo anterior. O que acontece, porém, é uma apresentação morna (quase fria) da história, com momentos não tão decisivos e o retorno de personagens ao seus status quo.

Um bom exemplo é o segmento de Garred Tuttle, que no episódio predecessor foi responsável por grande parte da emoção e dos ótimos momentos de batalha. Agora, a transição para cenas arrastadas e sem nenhum grande chamativo transformam em uma passagem quase desnecessária do mesmo personagem entediante do episódio 2. De forma surpreendente, o mesmo acontece com as passagens de Mira, que causam preocupação no jogador. Até agora, a personagem foi irrelevante para o que acontece na família. Um argumento que vem em mente ao ver os momentos tediosos é que talvez a ausência dela não seria notada.

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Com certeza as melhores partes são de Asher e Rodrik Forrester. O encontro com Daenerys e a tensão de estar negociando com a Rainha dos Dragões (que inclusive, faz questão de negociar com um dragão ao lado. Quem não faria o mesmo?) é real e uma novidade bem-vinda ao personagem. Após isso, o conflito interno de Beshka, que assume ter sido uma ex-escrava em Mereen, é uma ótima adição para a carga dramática da sessão de Asher. Logo, o segmento de Asher termina no ápice, apenas prejudicado pela limitação narrativa da tela “Vallar Morghullis”, quando Mereen finalmente cai para Daenerys.

Rodrik parece enxergar uma luz no fim do túnel para a família Forrester, quando finalmente consegue aliados de impacto e que permitem uma mudança muito interessante - à moda de George R.R. Martin - na história. Apesar de serem parágrafos com spoilers, esta cena é melhor você ver por si próprio. O maior destaque vai para o jantar entre Rodrik e Whitehill, comentado anteriormente, que sucede a reviravolta para a família Forrester.

Em suma, “Sons of Winter” parece ter mesmo abraçado a frieza do inverno que dá nome ao capítulo. Na história, é frio em dois segmentos que parecem frear a progressão narrativa e morno em outros dois que, mesmo a passos lentos, andam para o final. Mas os erros técnicos são inaceitáveis para um jogo que está na geração atual de consoles, e isso traz um pensamento preocupante à mente. Talvez não seja perigoso apenas jogar o jogo dos tronos, mas também executá-lo com destreza.

Game of Thrones - "Sons of Winter" está disponível para Xbox One, PlayStation 4, Xbox 360, PlayStation 3, PC, Mac e iOS. A versão testada foi a de PlayStation 4. Leia as críticas dos outros capítulos:

Nota do crítico