Lançado há poucos dias no Brasil pela Electronic Arts, Crysis leva os cansados, mas sempre populares, jogos de tiro em primeira pessoa a um novo patamar.

Cansados por que, desde os primeiros exemplares do gênero, como Doom e Quake, a única intenção dos chamados "shooters", com raras exceções - que incorporaram elementos de RPG e quebras-cabeça ao estilo - o objetivo sempre foi destruir tudo o que se vê pela frente. Crysis, porém, dá ao jogador uma verdadeira nova gama de opções de como se comportar. Não há contagem de corpos ou qualquer tipo de avaliação de desempenho entre os capítulos do jogo desenvolvido pela alemã Crytek. É possível chegar a um dos checkpoints sem disparar um só tiro (não que isso tenha muita graça, claro), ou aniquilar todos os inimigos.

Essas possibilidades dão-se graças aos recursos da armadura que veste o protagonista do game. A Nanosuit, avançada arma de combate do exército dos Estados Unidos, dá ao seu portador habilidades sobrehumanas temporárias. Assim, é possível mudar a dureza da veste (o que aumenta a resistência a disparos), tornar-se superveloz por alguns segundos, superforte (os supersaltos são extremamente úteis em invasões), ou mesmo invisível (no melhor estilo do extraterrestre Predador). Essas opções são extremamente estratégicas. Tente jogar Crysis como você jogaria qualquer outro shooter e as chances são de que você não passe da primeira fase.

O terreno também auxilia que você monte seu próprio jogo. Há inúmeros caminhos possíveis até um alvo - e dá para percorrê-los a pé ou mesmo empregando um dos diversos veículos disponíveis. Há vantagens e desvantagens para cada um. Novamente, combine-os e a diversão fica ainda maior. A vegetação e construções são perfeitíssimas e quase tudo pode ser destruído. Metralhe árvores para vê-las caindo e bloqueando uma estrada, por exemplo. Caminhe rápido demais sobre mato alto e os inimigos ouvirão o barulho (há um medidor de "alerta" na sua barra de sensores), saindo para investigar. E que tal acelerar ao máximo um caminhão cheio de explosivos em direção a um bloqueio inimigo, saltar dele na última hora, tornar-se invisível, disparar balas explosivas sobre os tanques na caçamba e ver tudo ir pelos ares? Sozinha, a confusão entre seus oponentes, cuja inteligência artificial é suficientemente boa para chamar reforços e esconder-se, já vale a pena. Enquanto eles investigam furiosos a explosão, dá pra entrar pelo fundo, sem ser notado. Essa é apenas uma maneira de infiltrar-se... e o game recompensa soluções inteligentes.

Impressiona também o clima e a história do jogo. É como se ele misturasse Rambo: Programado para Matar com Predador, Lost e Guerra dos Mundos. Na trama, ambientada em 2020, um soldado das forças especiais norte-americanas é enviado para investigar a queda de um meteoro numa remota ilha do Pacífico. O problema é que o exército da Coréia do Norte já está em peso por lá - e sequestrou a equipe de arqueólogos que estudava o achado. Pouco mais da metade da ação se passa na paradisíaca ilha, com rápidos vislumbres dos aliens. O restante do game se alterna entre fases solitárias e outras com ação em grande escala (a dificílima batalha de tanques num vale foi uma das mais suadas - até que resolvi alternar meus combates dentro e fora do tanque). Já o final é uma batalha no coração da incrível civilização alien - instalada numa montanha da ilha.

O problema de Crysis, como o de todos os games de ponta da atualidade, são os requisitos de sistema. Para rodá-lo nas configurações mínimas (que já são suficientemente altas) é necessária uma máquina poderosa: um Core 2 Duo com uma placa de vídeo mínima de 256 mb. É! O incrível visual, um dos melhores já vistos em qualquer console, tem seu preço.

O game está sendo vendido por aqui em versões Normal (R$ 99,90) e Especial. Esta última, custando R$ 139,90, traz - além do game - um livro de imagens com 16 páginas (extremamente dispensável), um DVD bônus com making-of (interessante), e um CD bônus com a trilha sonora do jogo, composta por Inon Zur (para aumentar o realismo das missões eu joguei sem qualquer trilha, portanto, também achei o disco dispensável). Valem mesmo a bela embalagem pra quem gosta de colecionar seus games e um veículo exclusivo, pra jogar online. Mas por conta de um problema no ombro - e de como eu fico tenso jogando online (a última vez, uma partida do frenético Enemy Territory Quake Wars me mandou, travado, para o pronto-socorro) -, não testei esse formato, que vários críticos exaltaram como "incrível". Espero que os leitores entendam minha relutância em testá-lo. De qualquer forma, o Crysis solo já foi uma experiência suficientemente embasbacante. ;-)

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