A autoestima de Josef Fares é inabalável. Depois de entregar o jogo do ano com It Takes Two em 2021, o diretor retorna com força total em Split Fiction. Nada mais clichê do que dizer que o novo projeto da Hazelight é maior e mais ambicioso que seu antecessor, mas… meio que ele é exatamente isso.
Na nova jornada cooperativa, os jogadores controlam Mio e Zoe, personagens que carregam os nomes das filhas de Fares. As duas jovens escritoras finalmente receberam uma oportunidade de serem publicadas por uma grande editora, a Rader. Logo depois de entrarem nos escritórios da empresa, entretanto, as garotas percebem que a situação passa longe de ser incrível, e é aí que começa a história.
Usando tecnologia de simulação extremamente avançada, a Rader faz com que cada autor entre no mundo literário que criou. Mio e Zoe, entretanto, acabam dividindo a mesma realidade, que se alterna entre a ficção científica de Mio e a fantasia de Zoe.
O jogo se apresenta quase como um It Takes Two que fez amor com o suco: a premissa de explorar diferentes gêneros de gameplay a cada fase e forçar a cooperatividade entre uma dupla que não se entende tão bem, mas acaba desenvolvendo sua relação aos poucos, segue ali.
A questão é que tudo parece ter subido de nível. Os desafios, por exemplo, ganharam ares de side-quest e são muito mais expansivos. Uma descida de montanha nevada com snowboard, por exemplo, traz toda a competitividade do último projeto de Fares, mas com um nível de detalhe que se esperaria de um game focado em esportes de inverno.
Apesar de opcionais, esses momentos não parecem ficar atrás da campanha. Uma história paralela que transforma as protagonistas em porcos mágicos, por exemplo, foi um dos momentos mais divertidos da gameplay.
A principal mudança, entretanto, está no lado mecânico. Enquanto It Takes Two não chega a ser desafiador para jogadores experientes, Split Fiction irá fazê-los suar as mãos em algumas fases. Motocicletas em alta velocidade, sequências de shoot’em up e até mesmo uma seção quase inteira com elementos de pinball estão no repertório, e vão dificultar um pouco a trajetória das jovens escritoras.
Entre novidades e elementos já conhecidos, o que se sobressai é a criatividade. Josef Fares garantiu, em entrevista com o The Enemy, que traria coisas que jamais havíamos visto em seu game — e ele não estava mentindo.
É melhor não se aprofundar muito nesse sentido, pois várias dessas surpresas são dignas de serem mantidas em segredo. Considerando que só jogamos alguns recortes do game, também é certo que haverá muito mais do que já vimos para ser descoberto.